Maria<\/a> responde a Deus com um ato de submiss\u00e3o livre e de abandono consciente \u00e0 Sua vontade<\/strong>, manifestando plena responsabilidade em ser a “escrava do Senhor”.<\/p>\n\n\n\nA qualifica\u00e7\u00e3o de “servo” de Deus acomuna no Antigo Testamento todos aqueles que s\u00e3o chamados a cumprir uma miss\u00e3o em favor do povo eleito: Abra\u00e3o, (Gn 26, 64), Isaac, (Gn 24, 14), Jac\u00f3 (Ex 32, 13; Ez 37, 25), Josu\u00e9 (Jos 24, 29) e Davi (2Sam 7, 8, etc). S\u00e3o\u00a0servos tamb\u00e9m os profetas e os sacerdotes, aos quais \u00e9 confiada a tarefa de formar o povo ao servi\u00e7o fiel do Senhor<\/strong>. O livro do profeta Isa\u00edas exalta, na docilidade do “Servo que sofre”, um modelo de fidelidade a Deus, na esperan\u00e7a de resgate pelos pecados da multid\u00e3o (cf. Is 42 – 53). Exemplos de fidelidade oferecem-nos tamb\u00e9m algumas mulheres, como a rainha Ester que, a Deus, definindo-se v\u00e1rias vezes como “a Tua serva” (Est 4, 17).<\/p>\n\n\n\nMaria, a “cheia de gra\u00e7a”, ao proclamar-se “escrava do Senhor”,\u00a0deseja empenhar-se em realizar pessoalmente, de modo perfeito, o servi\u00e7o que Deus espera de todo o Seu povo<\/strong>. As palavras: “Eis aqui a escrava do Senhor” prenunciam Aquele que dir\u00e1 de Si mesmo: “O filho do Homem n\u00e3o veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10, 45; cf. Mt 20, 28). Assim, o Esp\u00edrito Santo realiza, entre a M\u00e3e e o Filho,\u00a0uma harmonia<\/strong>\u00a0de \u00edntimas disposi\u00e7\u00f5es, que consentir\u00e1 a Maria assumir plenamente o seu papel materno junto de Jesus, acompanhado-O na Sua miss\u00e3o de Servo.<\/p>\n\n\n\nNa vida de Jesus, a vontade de servir \u00e9 constante e surpreende: com efeito, como Filho de Deus, Ele teria podido fazer-Se servir. Ao atribuir-Se o t\u00edtulo de “Filho do Homem”, a prop\u00f3sito do qual o livro de Daniel afirma: “Todos os povos, todas as na\u00e7\u00f5es e as gentes de todas as l\u00ednguas o servem” (Dan 7,14), teria podido pretender dominar sobre os outros. Ao contr\u00e1rio, combatendo a mentalidade do tempo, expressa pela aspira\u00e7\u00e3o dos disc\u00edpulos aos primeiros lugares (cf. Mc 9,34) e pelo protesto de Pedro durante o lava-p\u00e9s (cf. Jo 13,6), Jesus n\u00e3o quer ser servido, mas deseja servir at\u00e9 dar totalmente a pr\u00f3pria vida na obra da reden\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Tamb\u00e9m Maria, embora consciente da alt\u00edssima dignidade que lhe fora conferida no an\u00fancio do anjo, se declara espontaneamente “escrava do Senhor”. Neste empenho de servi\u00e7o, ela inclui tamb\u00e9m o prop\u00f3sito de servir o pr\u00f3ximo, como demonstra a liga\u00e7\u00e3o entre os epis\u00f3dios da Anuncia\u00e7\u00e3o e da Visita\u00e7\u00e3o: informada pelo anjo que Isabel espera o nascimento dum filho, Maria p\u00f5e a caminho e dirige-se “\u00e0 pressa” (Lc 1,39) para a Judeia a fim de ajudar a sua parente nos preparativos do nascimento da crian\u00e7a, com pela disponibilidade. Assim, ela oferece aos crist\u00e3os de todos os tempos um sublime modelo de servi\u00e7o.<\/p>\n\n\n\n
As palavras: “Fa\u00e7a-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1 ,38) mostram n’Aquela que se declarou escrava do Senhor uma total obedi\u00eancia \u00e0 vontade de Deus. O optativo\u00a0genoito<\/em>, “fa\u00e7a-se” usado por Lucas, exprime n\u00e3o s\u00f3 aceita\u00e7\u00e3o, mas assun\u00e7\u00e3o convicta do projeto divino, feito precisamente com o empenho de todos os recursos pessoais.<\/p>\n\n\n\nAo conformar-se \u00e0 vontade divina, Maria antecipa e faz sua a atitude de Cristo<\/strong> que, segundo a Carta aos Hebreus, entrando no mundo diz: “N\u00e3o quiseste sacrif\u00edcio nem obla\u00e7\u00e3o mas preparaste-Me um corpo… Ent\u00e3o Eu disse: Eis que venho… para fazer, \u00f3 Deus, a Tua vontade” (Hb 10, 5-7; Sl 39, 7-9).<\/p>\n\n\n\nAl\u00e9m disso, a docilidade de Maria anuncia e prefigura aquela expressa por Jesus no decurso da Sua vida p\u00fablica, at\u00e9 ao Calv\u00e1rio<\/strong>. Cristo dir\u00e1: “O Meu alimento \u00e9 fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4, 34). Nesta mesma linha, Maria faz da vontade do Pai o princ\u00edpio inspirador de toda a pr\u00f3pria exist\u00eancia, buscando nela a for\u00e7a necess\u00e1ria para o cumprimento da miss\u00e3o que lhe fora confiada.<\/p>\n\n\n\nSe no momento da Anuncia\u00e7\u00e3o Maria ainda n\u00e3o conhece o sacrif\u00edcio que h\u00e1 de caracterizar a miss\u00e3o de Cristo, a profecia de Sime\u00e3o far-lhe-\u00e1 entrever o tr\u00e1gico destino do Filho (cf. Lc 2, 34-35). A Virgem associar-se-\u00e1 a ele com \u00edntima participa\u00e7\u00e3o. Com a sua obedi\u00eancia total \u00e0 vontade divina, Maria est\u00e1 pronta a viver tudo aquilo que o amor divino projeta para a sua exist\u00eancia, at\u00e9 \u00e0 “espada” que trespassar\u00e1 a sua alma.<\/p>\n\n\n\n
<\/p>\n\n\n\n
Retirado da 26\u00ba catequese do papa Jo\u00e3o Paulo II – dia 07\/09\/1996, L’Osservatore Romano<\/p>\n\n\n\n
Fonte: Sim Sou Cat\u00f3lico<\/a><\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"As palavras de Maria na Anuncia\u00e7\u00e3o: “Eis a escrava do Senhor, fa\u00e7a-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38) evidenciam uma atitude de caracter\u00edstica da religiosidade hebraica. Mois\u00e9s, no in\u00edcio da Antiga Alian\u00e7a, em resposta ao chamamento do Senhor, tinha-se proclamado Seu servo (cf. Ex. 4, 10; 14, 31). No advento da Nova Alian\u00e7a,…<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":3126,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"rank_math_lock_modified_date":false,"footnotes":""},"categories":[90],"tags":[],"class_list":["post-3125","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-mariana"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3125","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=3125"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3125\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":3127,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/3125\/revisions\/3127"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/3126"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=3125"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=3125"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=3125"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}