A reintrodu\u00e7\u00e3o do diaconato permanente na igreja pelo Vaticano II constitui mais que uma revis\u00e3o organizativa, devida \u00e0 crescente escassez dos presb\u00edteros. Entenda:<\/h4>\n\n\n\n

Os di\u00e1conos nascem de comunidades abertas ao servi\u00e7o<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Estev\u00e3o<\/em><\/strong> (Jerusal\u00e9m \u2013 sec. I: abra\u00e7ar a todos), Louren\u00e7o<\/em><\/strong> (Roma \u2013 sec. III: os pobres, tesouro da igreja), Efr\u00e9m <\/em><\/strong>(S\u00edria \u2013 sec. IV: um cora\u00e7\u00e3o orante). Tr\u00eas santos di\u00e1conos. Tr\u00eas estrelas luminosas e solit\u00e1rias no firmamento da igreja? N\u00e3o. Tr\u00eas express\u00f5es intensas de diferentes \u00e9pocas, cultura, experi\u00eancias espirituais, \u00eaxito de vida, mas uma mesma dimens\u00e3o diaconal,<\/em> pr\u00f3pria da igreja, que eles serviram<\/em> nos irm\u00e3os, seguindo o exemplo de Jesus, que amou toda a fam\u00edlia humana at\u00e9 doar a pr\u00f3pria vida em resgate por todos. <\/p>\n\n\n\n

Os tr\u00eas exemplos citados est\u00e3o entre os mais nobres santos na vida da igreja, pelo fulgor que deixaram pelo seu testemunho de caridade criativa, mas poderiam multiplicar-se sem n\u00famero. Pois a diaconia\/servi\u00e7o<\/em> \u00e9 constitutiva<\/em> da vida da comunidade eclesial e de cada um dos seus membros, pela intr\u00ednseca rela\u00e7\u00e3o que a une a Cristo. Ele \u00e9 o fiel di\u00e1cono\/servidor<\/em> do des\u00edgnio de amor do Pai, para a salva\u00e7\u00e3o dos seres humanos. Ele, apesar da sua condi\u00e7\u00e3o divina n\u00e3o se apegou ao seu ser igual a Deus, mas se esvaziou de si e tomou a condi\u00e7\u00e3o de escravo, fazendo-se semelhantes aos homens<\/em> (Fil 2, 6-7).<\/p>\n\n\n\n

A consci\u00eancia da rela\u00e7\u00e3o intr\u00ednseca da igreja e de todos os seus membros com Cristo \u2013 servo, foi t\u00e3o profundamente incisa no tecido vital da igreja, que por s\u00e9culos teve quase a sua encarna\u00e7\u00e3o natural na figura eclesial do di\u00e1cono<\/em>. Era um irm\u00e3o da comunidade, ordenado pelo bispo com a imposi\u00e7\u00e3o das m\u00e3os e pela invoca\u00e7\u00e3o do Espirito, para o minist\u00e9rio especifico e est\u00e1vel do servi\u00e7o da evangeliza\u00e7\u00e3o, da liturgia e da caridade, em nome da comunidade e para ajudar o bispo.<\/p>\n\n\n\n

Repetiam os antigos Padres da Igreja, como santo In\u00e1cio de Antioquia: O di\u00e1cono \u00e9 ordenado n\u00e3o para o sacerd\u00f3cio, mas para o servi\u00e7o, como ajuda ao bispo<\/em>. Diziam isso, para enaltecer a dignidade espec\u00edfica do seu minist\u00e9rio, que ultrapassava o culto ritual para mergulhar-se no culto espiritual da exist\u00eancia, movida pela caridade do Espirito. O altar no qual exercitavam seu minist\u00e9rio, coincidia com o altar da vida e do mundo. <\/p>\n\n\n\n

A partir do sec. V, por raz\u00f5es hist\u00f3ricas complexas, a figura do di\u00e1cono permanente se diluiu na igreja latina at\u00e9 desaparecer. O estatuto do di\u00e1cono foi reduzido \u00e0 etapa<\/em>intermedi\u00e1ria <\/em>para os candidatos ao sacerd\u00f3cio chegarem \u00e0 ordena\u00e7\u00e3o, e seu minist\u00e9rio limitado \u00e0 fun\u00e7\u00e3o de auxiliar do bispo ou do presb\u00edtero durante as celebra\u00e7\u00f5es mais solenes da liturgia. O papel pr\u00e1tico e a compreens\u00e3o teol\u00f3gica do diaconato o reduziram a uma fun\u00e7\u00e3o puramente ritual e ocasional. Essa situa\u00e7\u00e3o perdurou at\u00e9 o Concilio Vaticano II (1963- 1965). Eu mesmo fui ordenado di\u00e1cono na Quaresma de 1962 e ordenado presb\u00edtero no m\u00eas de julho do mesmo ano!<\/p>\n\n\n\n

O Concilio recupera a vis\u00e3o de igreja como comunh\u00e3o e o diaconato permanente<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

O Concilio recuperou a vis\u00e3o original da igreja totalmente relacionada a Cristo na sua miss\u00e3o a servi\u00e7o do Reino de Deus (cf. Const. Lumen gentium 29). A igreja \u00e9 em Cristo, luz dos povos, como sacramento ou sinal, e instrumento da \u00edntima uni\u00e3o com Deus e da unidade de todo o g\u00eanero humano<\/em> (Lumen gentium<\/em> 1).<\/p>\n\n\n\n

Gra\u00e7as a esta intima uni\u00e3o com Cristo, como seu corpo e sua esposa, a igreja vive da vida de Cristo, seguindo seu estilo de servi\u00e7o incondicionado ao Reino de Deus: O filho do homem n\u00e3o veio para ser servido, mas para servir<\/em> (Mt 20,28). A partir do evento pascal e do exemplo de Jesus, surgiu para os disc\u00edpulos de todos os tempos, para n\u00f3s, uma nova maneira de viver e de se relacionar. A vida do crist\u00e3o \u00e9 chamada a entrar na din\u00e2mica de servi\u00e7o\/diaconia: Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor, vos lavei os p\u00e9s, tamb\u00e9m vos deveis lavar os p\u00e9s uns dos outros<\/em> (Jo 13, 15). <\/p>\n\n\n\n

Assim, a nova vis\u00e3o teol\u00f3gica de igreja, proposta pelo Concilio, seguindo a tradi\u00e7\u00e3o mais antiga dos Padres da Igreja, destaca que a dimens\u00e3o da diaconia \u00e9 constitutiva da natureza da igreja, em continuidade com Cristo. Dela participa todo crist\u00e3o, em for\u00e7a do seu batismo. Por essa raz\u00e3o teol\u00f3gica, o Concilio reintroduziu na igreja latina o diaconato permanente<\/em> como minist\u00e9rio ordenado, especifico e est\u00e1vel. <\/em>\u00c9 voca\u00e7\u00e3o especifica e miss\u00e3o eclesial, que exprime e enaltece simbolicamente o chamado \u00e0 toda a igreja para seguir a Cristo na sua dedica\u00e7\u00e3o total. O diaconato permanente vive na vida das comunidades a aten\u00e7\u00e3o \u00e0s situa\u00e7\u00f5es sociais, culturais e religiosas, no \u00e2mbito da evangeliza\u00e7\u00e3o, do culto e da caridade, em sua mais ampla acep\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A partir do Papa Paulo VI, que o instituiu em 1967, seus sucessores fizeram interven\u00e7\u00f5es significativas de ordem jur\u00eddica e espiritual, para promover o sentido teol\u00f3gico do diaconato permanente e seu relevo pastoral na vida da igreja, que vive profundas muta\u00e7\u00f5es junto com as sociedades nas quais ela est\u00e1 inserida. A linha comum destas interven\u00e7\u00f5es \u00e9 a de aprofundar o sentido da natureza diaconal<\/em> da igreja, e um \u201cestilo pastoral\u201d que os di\u00e1conos s\u00e3o chamados a testemunhar de maneira privilegiada, mais despojado que o \u201cestilo clerical\u201d, que impede muitas vezes a transpar\u00eancia e a simplicidade evang\u00e9lica. De fato, at\u00e9 o presente, cumpriu-se um bom caminho, na consci\u00eancia da igreja e na a\u00e7\u00e3o dos seus pastores. Os di\u00e1conos permanentes est\u00e3o presentes em todas as dioceses do mundo e em muitas paroquias, com modelos muito diferentes. Bento XVI mudou, neste sentido, o Canon 1009 do C\u00f3digo de Direito Can\u00f4nico em 2009.<\/p>\n\n\n\n

Caminhando com Papa Francisco rumo ao S\u00ednodo<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Para o Papa Francisco, a igreja encontra no diaconato permanente a express\u00e3o, e ao mesmo tempo, o impulso vital para tornar-se ela mesma sinal vis\u00edvel da diaconia de Cristo Servo na hist\u00f3ria dos homens<\/em> (cf Il diaconato in papa Franscesco 2017). <\/em>Toda sua a\u00e7\u00e3o pastoral at\u00e9 a recente convoca\u00e7\u00e3o e prepara\u00e7\u00e3o do S\u00ednodo dos bispos, dedicado ao tema Para uma igreja sinodal, comunh\u00e3o, participa\u00e7\u00e3o, miss\u00e3o<\/em>, a ser celebrado em 2023 \u2013 2024, tem como objetivo principal o de promover a consci\u00eancia da igreja inteira acerca da sua voca\u00e7\u00e3o e miss\u00e3o para servi\u00e7o dos homens e mulheres, seguindo seu Senhor Jesus Cristo, o Servo fiel do amor do Pai.<\/p>\n\n\n\n

A preposi\u00e7\u00e3o \u201cPara.<\/em>..\u201d que introduz o t\u00edtulo do S\u00ednodo, indica que a sinodalidade da igreja constitui o horizonte e a meta de um caminho, a ser feito junto com todos os seus membros. Caminhar juntos, comporta uma atitude de acolhida e de diaconia\/servi\u00e7o<\/em>rec\u00edprocos<\/em>, para que ningu\u00e9m se sinta exclu\u00eddo ou marginalizado na fam\u00edlia de Deus, por descuido da igreja. E todos se sintam chamados a colocar a servi\u00e7o dos outros os pr\u00f3prios dons. O caminho sinodal ser\u00e1 uma aprendizagem da diaconia, que n\u00e3o se conclui com sua celebra\u00e7\u00e3o em 2024. Esta data marcar\u00e1, por sua vez, o in\u00edcio de um processo que guia a nova moldura da alma e do rosto da igreja. N\u00e3o somente na sua vida interna, mas tamb\u00e9m na sua rela\u00e7\u00e3o com o mundo, num rec\u00edproco dar e receber, at\u00e9 que a \u201cPalavra de salva\u00e7\u00e3o\u201d cumpra sua corrida.<\/p>\n\n\n\n

A rela\u00e7\u00e3o com Cristo Servo do Pai, na sua a\u00e7\u00e3o de amor para o mundo, constitui a raiz, o modelo e a meta da exist\u00eancia da igreja, do minist\u00e9rio do di\u00e1cono, bem como do caminho sinodal, cujo primeiro protagonista \u00e9 o Espirito Santo. \u00c9 neste mist\u00e9rio de diaconia do Cristo que precisamos entrar mais para conhecer melhor Cristo, a igreja e a identidade crist\u00e3 de cada um.<\/p>\n\n\n\n

No seguimento de Jesus, di\u00e1cono do Pai a servi\u00e7o dos homens<\/em><\/strong><\/strong>e mulheres<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

O evangelista Jo\u00e3o nos apresenta a cena-m\u00e3e<\/em> na qual Jesus, Mestre e Senhor, revertendo os papeis, se oferece como servo dos seus disc\u00edpulos e do mundo inteiro: <\/p>\n\n\n\n

Jesus lava os p\u00e9s aos disc\u00edpulos<\/em><\/strong> (cf. Jo 13,1-15): Antes da festa da p\u00e1scoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os at\u00e9 o fim\u2026 Compreendeis o que eu vos fiz? V\u00f3s me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, Mestre e Senhor, vos lavei os p\u00e9s, tamb\u00e9m deveis lavar-vos os p\u00e9s uns aos outros. Deixei-vos o exemplo para que, como eu fiz, tamb\u00e9m v\u00f3s o fa\u00e7ais<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

O mist\u00e9rio de Jesus<\/em><\/strong>: O que significa esse gesto para o pr\u00f3prio Jesus, em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 sua identidade e miss\u00e3o? O contexto \u00e9 o da \u00faltima ceia\/p\u00e1scoa de Jesus, cumprimento da sua vida e miss\u00e3o. Um gesto que vem de longe, do in\u00edcio da exist\u00eancia terrena e da miss\u00e3o de Jesus. Ao apresentar-se na sinagoga de Nazar\u00e9, inaugurando sua miss\u00e3o depois das grandes tenta\u00e7\u00f5es no deserto, Jesus afirma que sua vida est\u00e1 totalmente a servi\u00e7o da miss\u00e3o recebida do Pai com a descida do Esp\u00edrito sobre ele no batismo, e a servi\u00e7o de todos os homens\/mulheres, sobretudo dos fr\u00e1geis, pecadores, doentes, marginalizados: O Esp\u00edrito do Senhor est\u00e1 sobre mim, porque ele me consagrou pela un\u00e7\u00e3o para evangelizar os pobres\u2026Hoje se cumpriu aos vossos olhos essa passagem da escritura!<\/em>(cf. Lc 4, 16-22). <\/em>Jesus \u00e9 o \u201cServo\u201d do Senhor, \u00e9 o \u201cdi\u00e1cono\u201d do Pai e de todos! <\/p>\n\n\n\n

O exemplo de Jesus e o novo mandamento <\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

De fato, ao longo da sua vida, com seus gestos e suas palavras, Jesus exercitar\u00e1 esta atitude de aten\u00e7\u00e3o, de servi\u00e7o, de cura e de liberta\u00e7\u00e3o para com os doentes, pobres, pecadores, marginalizados de toda esp\u00e9cie, social, moral, religiosa\u2026<\/p>\n\n\n\n

Muitas vezes n\u00e3o espera que sejam eles a procur\u00e1-lo, mas \u00e9 ele mesmo que antecipa o pedido destas pessoas com seu olhar de compaix\u00e3o e miseric\u00f3rdia. Com este estilo \u201crevela\u201d o cora\u00e7\u00e3o do Pai, e faz com que eles o encontrem na pr\u00f3pria vida ferida. Esta \u00e9 o servi\u00e7o\/diaconia fundamental de Jesus, em rela\u00e7\u00e3o ao Pai e em rela\u00e7\u00e3o aos homens e mulheres. Esta \u00e9 a sua media\u00e7\u00e3o fundamental, a raz\u00e3o que lhe faz dizer: Eu sou a porta\u2026.eu sou o caminho para o Pai\u2026eu sou o bom pastor\u2026 (cf. Jo 10, 9 -14), <\/em>\u00e0 procura da ovelha perdida e pronto a dar a minha vida para que as ovelhas tenham a vida.<\/p>\n\n\n\n

Com seu exemplo, Jesus abre o caminho para os disc\u00edpulos: os chama a percorr\u00ea-lo saindo de si mesmos, aprendendo a se entregar ao servi\u00e7o do reino de Deus sem medo e sem procurar garantias humanas (cf. Mt 6,25-34). A se relacionar uns aos outros no mesmo esp\u00edrito de servi\u00e7o e de acolhida, tendo uma aten\u00e7\u00e3o privilegiada para com os mais pequeninos e os mais fr\u00e1geis, segundo o exemplo do pr\u00f3prio Jesus (cf. Mt 25).<\/p>\n\n\n\n

Enquanto Jesus caminha decididamente rumo a Jerusal\u00e9m (o lugar do cumprimento da sua miss\u00e3o de Servo Sofredor), os disc\u00edpulos brigam entre si sobre quem deveria ocupar os lugares mais importantes junto de Jesus, quando ele teria realizado seu reino messi\u00e2nico. Como reage Jesus ao pedido da m\u00e3e de Jo\u00e3o e Tiago que procura uma boa coloca\u00e7\u00e3o para seus filhos e diante da indigna\u00e7\u00e3o dos outros? Ele prop\u00f5e uma perspectiva radicalmente diferente, a do servi\u00e7o e do \u00faltimo lugar como autentica maneira de realizar-se na vida, e afirma seu exemplo como modelo. Sabeis que os governantes das na\u00e7\u00f5es as dominam e os grandes as tiranizam. Entre v\u00f3s, n\u00e3o dever\u00e1 ser assim. Ao contr\u00e1rio, aquele que quiser tornar-se grande entre v\u00f3s, seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre v\u00f3s, seja vosso servo. Desse modo, o Filho do homem n\u00e3o veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como resgate por muitos<\/em> (Mt 20, 24-28). <\/p>\n\n\n\n

Lucas coloca uma disputa an\u00e1loga entre os doze disc\u00edpulos mesmo durante a \u00faltima ceia, numa aparente e total incompreens\u00e3o do mist\u00e9rio pascal de Jesus e do pr\u00f3prio chamado a segui-lo, depois de tr\u00eas anos de conviv\u00eancia intima com o mestre (cf. Lc 9, 23-24).<\/p>\n\n\n\n

O mandamento para se relacionar com amor, em esp\u00edrito e atitude de servi\u00e7o, nasce como exig\u00eancia intr\u00ednseca da nova rela\u00e7\u00e3o que cada um tem com Jesus, em for\u00e7a da f\u00e9 e da vida nova derramada pelo Esp\u00edrito. Por esta raz\u00e3o pode ser cumprido somente gra\u00e7as ao impulso do Esp\u00edrito. Tenho ainda muito que vos dizer, mas n\u00e3o podeis agora suportar. Quando vier o Esp\u00edrito da verdade, ele vos guiar\u00e1 na verdade plena<\/em> (Jo 16,12-13). A \u201cverdade\u201d \u00e0 qual nos introduz o Esp\u00edrito, n\u00e3o \u00e9 a verdade de ordem intelectual, mas a maneira integral de viver segundo os crit\u00e9rios interiores sugeridos pelo Esp\u00edrito, e que seguem os vivenciados pelo pr\u00f3prio Jesus.<\/p>\n\n\n\n

Uma igreja a servi\u00e7o do evangelho e dos homens e mulheres do nosso tempo<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A primeira comunidade crist\u00e3 em Jerusal\u00e9m, nascida da P\u00e1scoa de Jesus e do Pentecostes, enfrentou os mesmos desafios, deixando-se guiar pelo Esp\u00edrito de Jesus. Atrav\u00e9s das dificuldades internas e dos sofrimentos provocados pelos inimigos externos, ela descobre e assume sempre mais a sua identidade e a sua miss\u00e3o de \u201cigreja ao servi\u00e7o\u201d do evangelho e dos homens\/mulheres; igreja da diaconia e da miss\u00e3o. Pelos crit\u00e9rios com que ela soube encontrar uma resposta autenticamente evang\u00e9lica a tais desafios, na escuta rec\u00edproca dos irm\u00e3os e na capacidade de reconhecer nos acontecimentos da hist\u00f3ria a voz do Esp\u00edrito e de segui-la com humilde docilidade, a comunidade de Jerusal\u00e9m se tornou ponto de refer\u00eancia constante para a igreja de todo tempo, e para todo projeto de renova\u00e7\u00e3o de si mesma.<\/p>\n\n\n\n

O crescimento dos membros de origem judaica e sua abertura aos de origem grega e pag\u00e3 acontece por impulso do Esp\u00edrito Santo, para al\u00e9m de toda expectativa. Isto \u00e9 motivo de alegria e de louvor ao Senhor, mas se torna cedo tamb\u00e9m raz\u00e3o de ten\u00e7\u00f5es e de queixas por parte dos membros de origem pag\u00e3. Eles acham que as vi\u00favas e os pobres do seu grupo n\u00e3o est\u00e3o sendo atendidos com o mesmo cuidado com que s\u00e3o atendidos os pobres de origem judaica. Os ap\u00f3stolos procuram uma resposta n\u00e3o somente t\u00e9cnica-organizativa, mas enraizada na rela\u00e7\u00e3o de todos no Esp\u00edrito de Jesus, que \u00e9 esp\u00edrito de servi\u00e7o e de comunh\u00e3o. Procurai, antes, entre v\u00f3s, irm\u00e3os, sete homens de boa reputa\u00e7\u00e3o, repletos do Esp\u00edrito e de sabedoria, e n\u00f3s os encarregaremos desta tarefa\u2026 Apresentaram-nos aos ap\u00f3stolos e, tendo orado, impuseram-lhe as m\u00e3os<\/em> (At 6, 3.6).<\/p>\n\n\n\n

A institui\u00e7\u00e3o dos sete di\u00e1conos \u00e9 um \u201cevento sacramental\u201d, n\u00e3o somente organizativo. Os primeiros protagonistas, antes dos indiv\u00edduos, s\u00e3o a comunidade e o Esp\u00edrito Santo. A comunidade experimenta a a\u00e7\u00e3o do Esp\u00edrito, bem como os sete escolhidos, e atrav\u00e9s deles ela evidencia e exercita a sua dimens\u00e3o de \u201cigreja de servi\u00e7o e diaconia\u201d, igreja de miss\u00e3o, dimens\u00f5es que s\u00e3o constitutivas da sua identidade e da sua vida. Ap\u00f3s o primeiro Concilio de Jerusal\u00e9m, a comunidade confirma a abertura aos pag\u00e3os, como membros efetivos do \u00fanico povo de Deus junto com os judeus (At 15), uma autentica revolu\u00e7\u00e3o interior e cultural gra\u00e7as \u00e0 media\u00e7\u00e3o\/diaconia de Paulo\/Barnab\u00e9 e Pedro\/Thiago!<\/p>\n\n\n\n

Em I Cor. 12-13, Paulo destaca que a igreja \u00e9 o \u201ccorpo vivo de Cristo\u201d. Nele, no Espirito do pr\u00f3prio Jesus, cada membro \u00e9 a servi\u00e7o do outro em reciprocidade, e que todos juntos, como irradia\u00e7\u00e3o do evangelho, est\u00e3o a servi\u00e7o dos que n\u00e3o pertencem ainda \u00e0 comunidade. Toda a reflex\u00e3o sobre a igreja-corpo (12, 12-31) desagua no cap 13 onde \u00e9 proclamado o Hino \u00e0 caridade. O mesmo crit\u00e9rio da diaconia de Cristo (como a de um escravo) \u00e9 proposto por Paulo na Carta aos Filipenses (cf. Fil 2, 1-12) para enfrentar em maneira aut\u00eantica as tens\u00f5es dentro da comunidade. <\/p>\n\n\n\n

Hoje o Papa Francisco est\u00e1 impelindo a igreja a recuperar mais claramente sua natureza de igreja de servi\u00e7o e de diaconia, saindo de si mesma como fez a comunidade de Jerusal\u00e9m, abrindo-se aos novos pag\u00e3os que v\u00eam bater \u00e0 sua porta de maneira imprevis\u00edvel, e tamb\u00e9m fazendo-se \u201cpr\u00f3xima\u201d aos que se encontram nas periferias da exist\u00eancia. A \u201cnova evangeliza\u00e7\u00e3o\u201d \u00e9 de verdade a urg\u00eancia primeira da igreja hodierna. <\/p>\n\n\n\n

Mas a primeira evangeliza\u00e7\u00e3o h\u00e1 de acontecer dentro da igreja: abrir-se ao Esp\u00edrito com docilidade, escutar o gemido dos sofrimentos e das esperan\u00e7as das pessoas, \u201cir al\u00e9m\u201d do que se acha possuir com a certeza comprovada da experi\u00eancia do passado, e ter, pelo contr\u00e1rio, um pensamento incompleto, aberto<\/em>. Renovar-se interiormente pelo vigor da f\u00e9 e a experi\u00eancia da rela\u00e7\u00e3o pessoal com Jesus. Transformar tamb\u00e9m o estilo de se relacionar com as pessoas, bem como suas estruturas organizativas e at\u00e9 econ\u00f4micas, para que estejam de verdade ao servi\u00e7o do evangelho e da miss\u00e3o evangelizadora da igreja. \u00c9 uma perspectiva de convers\u00e3o radical, interior e pastoral, individual e comunit\u00e1ria, em nome da identidade e da miss\u00e3o \u201cdiaconal\u201d da igreja. Somos todos interpelados e provocados. Por isso est\u00e3o manifestando-se fortes resist\u00eancias\u2026<\/p>\n\n\n\n

Se o Papa Francisco n\u00e3o se cansa de destacar a natureza de \u201cservi\u00e7o\u201d de todos os minist\u00e9rios e de todas as tarefas na igreja, e continua destacando a necess\u00e1ria simplicidade de vida dos mesmos, isto \u00e9 poss\u00edvel enquanto os \u201cminist\u00e9rios ordenados\u201d (di\u00e1cono \u2013 presb\u00edtero \u2013 bispos), bem como todas v\u00e1rias iniciativas pastorais, nascem no seio do inteiro povo de Deus, e devem manifestar sua natureza de servi\u00e7o diaconal, em rela\u00e7\u00e3o ao evangelho e aos homens e mulheres. Afirmar que os pastores precisam \u201cpartilhar o cheiro das ovelhas\u201d, n\u00e3o \u00e9 uma linda express\u00e3o, capaz de chamar a aten\u00e7\u00e3o das m\u00eddias. Diz que o pastor, est\u00e1 a servi\u00e7o total de cada ovelha, \u00e9 chamado a partilhar seu passo, sua procura, suas alegrias, suas lagrimas, e at\u00e9 seus desvios, sem afastar-se, testemunhando assim que Deus continua a estar com ela em toda e qualquer situa\u00e7\u00e3o.  <\/p>\n\n\n\n

Da identidade da igreja como \u201cigreja de servi\u00e7o e de diaconia\u201d, nasce a exig\u00eancia que ela seja sempre mais tamb\u00e9m a \u201cigreja da solidariedade\u201d espiritual, moral e social. O servi\u00e7o e atitude da diaconia n\u00e3o se limita ao interno da comunidade eclesial, mas aponta antes de tudo tamb\u00e9m para o seu exterior, com o objetivo de testemunho do evangelho. <\/p>\n\n\n\n

O Concilio afirma tamb\u00e9m, que a atividade pol\u00edtica, constitui um caminho exigente de servi\u00e7o e responsabilidade dos fieis leigos, chamados a animar cristianamente as realidades temporais<\/em> (Gaudium et spes<\/em>). S\u00e3o Paulo VI falava do empenho pol\u00edtico dos cat\u00f3licos como da \u201cforma mais alta de caridade\u201d em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 sociedade moderna, pluralista e secularizada. <\/p>\n\n\n\n

Na mesma linha se pode reinterpretar a preocupa\u00e7\u00e3o de Don Luigi Giussani, fundador, na It\u00e1lia, do renomado movimento de leigos Comunh\u00e3o e Liberta\u00e7\u00e3o para o an\u00fancio de Cristo e do evangelho, para uma diaconia na cultura, e paras as atividades sociais por parte dos leigos. O mandamento novo do amor exige total e ativa transforma\u00e7\u00e3o do mundo. Cada um segundo suas possibilidades e voca\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A reintrodu\u00e7\u00e3o do diaconato permanente na igreja pelo Vaticano II constitui mais que uma revis\u00e3o organizativa, devida \u00e0 crescente escassez dos presb\u00edteros. Tem colocado em primeiro plano a\u00a0diaconia<\/em>\u00a0como dimens\u00e3o constitutiva e permanente da igreja, evidenciada simbolicamente pelo minist\u00e9rio ordenado dos di\u00e1conos. As rela\u00e7\u00f5es interpessoais na fam\u00edlia, no \u00e2mbito das atividades profissionais dentro da sociedade, na igreja, s\u00e3o os \u00e2mbitos do nosso chamado e da nossa convers\u00e3o pessoal ao estilo da diaconia.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

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Fonte: Aleteia<\/a><\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A reintrodu\u00e7\u00e3o do diaconato permanente na igreja pelo Vaticano II constitui mais que uma revis\u00e3o organizativa, devida \u00e0 crescente escassez dos presb\u00edteros. Entenda: Os di\u00e1conos nascem de comunidades abertas ao servi\u00e7o Estev\u00e3o (Jerusal\u00e9m \u2013 sec. I: abra\u00e7ar a todos), Louren\u00e7o (Roma \u2013 sec. III: os pobres, tesouro da igreja), Efr\u00e9m (S\u00edria \u2013 sec. IV: um cora\u00e7\u00e3o orante). Tr\u00eas santos di\u00e1conos….<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":9407,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"rank_math_lock_modified_date":false,"footnotes":""},"categories":[95],"tags":[],"class_list":["post-9406","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-religiao"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9406","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=9406"}],"version-history":[{"count":1,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9406\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":9408,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/9406\/revisions\/9408"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media\/9407"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=9406"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=9406"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/paroquiasaomanuel.com.br\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=9406"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}