4 pontos da mensagem do Papa por ocasião do 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Polyana Gonzaga

No domingo da Ascensão do Senhor celebra-se o Dia Mundial das Comunicações. O Papa Francisco publicou, em 24 de janeiro, dia de São Francisco de Sales, sua mensagem por ocasião do 55º Dia das Comunicações Sociais“Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

É o encontro daquilo que mais marca o desafio lançado pelo Papa aos jornalistas: serem capazes de assumir a frase do Evangelho de João: “Vem e verás”, tal como “a fé cristã se comunicou a partir dos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia”, escreve o Papa.

Vatican News destacou que o Pontífice elogia a coragem dos jornalistas na denúncia de guerras e perseguições, assinala a importância da comunicação digital e sublinha o valor da experiência pessoal para noticiar a realidade.

Na mensagem, destacam-se quatro pontos importantes:

1. Ir ao encontro com a coragem dos jornalistas

Danilo Santos/ TV Aparecida
Danilo Santos/ TV Aparecida

O Papa fala de “crise editorial, que corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua”. Desta forma, é importante os jornalistas estarem abertos ao encontro, procurando verificar “com os próprios olhos”“Se não nos abrimos ao encontro, permanecemos espectadores externos” – escreve o Papa na sua Mensagem.

Francisco aborda que o próprio jornalismo, como exposição da realidade, requer a capacidade de ir aonde mais ninguém vai: mover-se com desejo de ver” – lembra Francisco, enaltecendo a coragem de muitos jornalistas que se esforçam por narrar a realidade, mesmo que tenham que correr riscos:

“Temos que agradecer a coragem e determinação de tantos profissionais (jornalistas, operadores de câmara, editores, cineastas que trabalham muitas vezes sob grandes riscos), se hoje conhecemos, por exemplo, a difícil condição das minorias perseguidas em várias partes do mundo, se muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação foram denunciados, se muitas guerras esquecidas foram noticiadas, etc.”

Para o Papa, “seria uma perda não só para a informação, mas também para toda a sociedade e para a democracia, se faltassem estas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade”.

2 . Atenção midiática aos mais pobres

Fernando Marinho
Fernando Marinho

O Santo Padre, em sua mensagem, refere-se, em particular, ao tempo de pandemia, sublinhando que há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico. Ou seja, o risco de que a atenção midiática possa ser regida pelos interesses dos mais ricos e poderosos.

E o Papa exemplifica: “Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África? Deste modo, diferenças sociais e econômicas correm o risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas com os pobres sempre em último lugar; e o direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado da sua valência real.

3 .Na web, oportunidades e perigos

ADragan/Shutterstock
ADragan/Shutterstock

O Papa analisa que a web pode multiplicar a capacidade de relato e partilha, apontando que, com a internet, há muitos mais olhos abertos sobre o mundo. A tecnologia digital dá-nos a possibilidade de informação em primeira mão e rápida, por vezes muito útil. “Pensemos nas emergências em que as primeiras notícias e mesmo as primeiras informações de serviço às populações viajam precisamente na web. É um instrumento formidável, que nos responsabiliza a todos”.

O Santo Padre também lembra que, graças à rede, temos a possibilidade de contar o que vemos, o que acontece diante dos nossos olhos, de partilhar testemunhos.

Mas, existem também perigos e riscos como o de uma “comunicação social não verificável”. As imagens podem ser manipuláveis, sendo necessária uma maior capacidade de discernimento e um sentido de responsabilidade mais maduro, seja quando se difundem seja quando se recebem conteúdos“Todos somos responsáveis pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controle que podemos conjuntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as. Todos estamos chamados a ser testemunhas da verdade”, escreve Francisco.

4. Nada substitui o ‘ver pessoalmente’

Camila Morais/TV Aparecida
Camila Morais/TV Aparecida

O Papa salienta que algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as.“O intenso fascínio de Jesus sobre quem o encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-no falar” – escreve o Papa.

O Santo Padre denuncia a quantidade de eloquência vazia que abunda no nosso tempo e lança o desafio de que os comunicadores cristãos usem o método utilizado na difusão da “boa nova do Evangelho” através de “encontros pessoa a pessoa, coração a coração: homens e mulheres que aceitaram o mesmo convite – vem e verás. Todos os instrumentos são importantes, e aquele grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eletrônicas; mas foram a sua fé, esperança e caridade que impressionaram os contemporâneos, que o ouviram pregar e tiveram a sorte de passar algum tempo com ele, de o ver durante uma assembleia ou numa conversa pessoal” – escreve o Papa, lembrando São Paulo.

Fonte: A12

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