Em muitos momentos na história da Igreja, especialmente nos momentos de maior reforma dentro da própria Igreja Católica, a Igreja primitiva serviu como um modelo que mostra como há de ser o Corpo Místico de Cristo aqui na terra.
A Igreja primitiva pode nos dar várias luzes sobre como devemos tentar viver hoje, inclusive sobre a realidade e a necessidade do dízimo. Uma consulta breve ao livro dos Atos dos Apóstolos revela quais luzes a Palavra de Deus pode nos dar sobre esse tema, focando principalmente no valor espiritual que vem com esse ato:
Lucas, o autor do livro dos Atos dos Apóstolos, pinta uma imagem da Igreja primitiva quando, no capítulo 4, diz que “a multidão dos que haviam crido era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum”. Uma primeira luz importante que podemos ter com essa passagem é que a atitude dos primeiros cristãos de compartilharem tudo em comum brotava de uma atitude espiritual: a comunhão de corações que viviam esses discípulos de Cristo.
Sabendo que existia essa comunhão espiritual, um laço de verdadeira fraternidade fundada na fé, os discípulos perceberam que uma concretização dela era a comunhão dos bens materiais. Se todos são irmãos do mesmo Pai, unidos na mesma fé, uma exigência natural dessa unidade espiritual é a unidade material e, ao mesmo tempo, essa unidade material fortalecia a unidade espiritual.
Na segunda carta aos Coríntios, São Paulo faz referência, nos capítulos 8 e 9, a uma coleta que ele e seus companheiros fizeram nas igrejas dos gentios durante sua terceira viagem missionária. Essa coleta tinha como objetivo ajudar os cristãos pobres de Jerusalém, e São Paulo fala sobre como há de ser a atitude interior daqueles que contribuem:
“Cada um dê como dispôs em seu coração, sem pena nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9, 7).
Através dessa passagem, recebemos uma outra luz sobre o valor espiritual da contribuição do dízimo: a liberdade e a alegria interior que devem acompanhar o ato exterior de dar o dízimo, como meio concreto de alegrar até o coração do próprio Deus.
Saibam, portanto, meus irmãos, que a generosa contribuição do dízimo, feita com liberdade e com alegria, é um ato espiritual também. “Generosa” não significa necessariamente muito, mas significa um coração que não está preso aos bens materiais e não encontra toda a sua segurança neles. A contribuição do dízimo feita desta forma, pensando nas necessidades do próximo, pode se tornar um caminho de encontro com Deus e fortalecimento na relação com Ele.
Fonte: A12