Jornal divulga dados que apontam: o Instagram tem efeitos negativos na saúde mental de jovens e adolescentes
O jornal The Wall Street Journal divulgou uma série de informações, afirmando que o Instagram tem efeitos negativos na saúde mental de adolescentes e jovens, conforme apontam estudos internos da própria empresa detentora da rede social.
Uma afirmação que já podíamos esperar. O que não esperávamos, entretanto, é que os diretores da empresa já soubessem disso há muito tempo, e não tenham feito nada para minimizar os resultados desses estudos.
O que dizem os estudos internos?
Há três anos, o Facebook, dono do Instagram, realiza pesquisas internas sobre os efeitos da rede social Instagram em seus usuários – cerca de 1.220 milhões em todo o mundo. Na verdade, já houve várias apresentações de dados de acompanhamento sob o título: “Deep Immersion Into Adolescent Mental Health“.
E a conclusão é que “o Instagram piora os problemas de imagem corporal em 1 a cada 3 adolescentes” , como apurou o jornal americano. Além disso, de acordo com o estudo, “o Instagram pode mudar a forma como as mulheres se veem e se descrevem”.
E, pelo que dizem os dados a que o jornal teve acesso, um novo estudo de 2020 especificava que, o Instagram faz 32% das jovens mulheres, se sentirem mal com o seu corpo. E elas culpam esta rede social pelo aumento dos casos de ansiedade e depressão.
Desejo de cometer suicídio
Na verdade, o impacto desses dados vai mais longe. A pesquisa interna indica que, entre os adolescentes que relataram ter pensamentos suicidas, 13% dos usuários britânicos e 6% dos americanos atribuíram o desejo de suicídio ao Instagram.
Na verdade, este é um fato preocupante, pois mais de 40% dos usuários do Instagram têm 22 anos ou menos.
Instagram, uma rede mais prejudicial que outras
Além disso, esses estudos internos indicam que alguns desses problemas são específicos do Instagram e não tanto de outras redes sociais.
A razão é porque o Instagram foca muito no corpo e no estilo de vida, se comparado a outros aplicativos como o Tik Tok ou o Snapchat, redes muito comuns também entre jovens e adolescentes.
As características identificadas como mais prejudiciais para os adolescentes são: no Instagram, as pessoas continuamente se comparam com as outras e relacionam seu valor à atratividade pessoal, riqueza e sucesso. Se o jovem não é assim, ele se sente perdido e desvalorizado.
Da mesma forma, o estudo também reconhece que “a tendência de compartilhar nesta rede apenas os melhores momentos, a pressão pela perfeição e o efeito aditivo da plataforma podem levar os adolescentes a uma espiral de transtornos alimentares, obsessão por um corpo saudável ou depressão”.
Falta de autocontrole por parte dos usuários
Além disso, de acordo com a pesquisa interna de março de 2020, divulgada pelo The Wall Street Journal, os algoritmos aplicados a fotos e vídeos compartilhados por usuários possuem conteúdo nocivo diretamente associado a eles. Uma tempestade perfeita para quebrar o equilíbrio emocional dos adolescentes.
Por fim, 25% dos usuários que responderam aos estudos do Instagram reconheceram que “não se sentiam bem o suficiente” ou atraentes e que a sensação começou com o uso desse aplicativo, o que minou sua confiança e relacionamento com os amigos.
Ao mesmo tempo, os adolescentes afirmaram que “queriam dedicar menos tempo ao aplicativo, mas não tinham autocontrole suficiente para isso”.
O que dizem os executivos da empresa?
É surpreendente que internamente a empresa admita que eles são a causa de inúmeros problemas sérios, como descobriram os repórteres do Wall Street Journal.
No entanto, publicamente os diretores da empresa os minimizam. Eles ainda enfatizam os benefícios que o uso das redes sociais pode trazer. Por exemplo, em 25 de março, em uma audiência no Congresso dos Estados Unidos, perante o Comitê de Energia e Comércio, o CEO Mark Zuckerberg disse que “usar aplicativos sociais para se conectar com outras pessoas pode trazer benefícios à saúde mental”. Ele chegou a defender perante a Câmara dos Deputados a criação de um Instagram para menores de 13 anos, diante das críticas iradas dos parlamentares.
A realidade é que o Facebook se recusa a divulgar esses relatos sobre o uso das redes, o que, segundo o CEO do Instagram, Adam Mosseri, “pode ter um impacto enorme”. Porém, as respostas da empresa são sempre evasivas, alegando que esses dados são de sua propriedade e que os detalhes obtidos em estudos internos são contraditórios.
Declaração do Instagram
Após este vazamento de reportagens e dados negativos, o Instagram emitiu um comunicado no qual afirma que apóia as conclusões da pesquisa e que continuará tentando entender os problemas complexos e difíceis que os jovens enfrentam nas redes sociais.
Em um dos parágrafos, eles dizem o seguinte: “No Instagram, analisamos os benefícios e os riscos do que fazemos. Estamos orgulhosos de que nosso aplicativo pode dar voz àqueles que foram marginalizados, pode ajudar amigos e familiares de todos os cantos do mundo a se manterem conectados, pode gerar mudanças sociais; mas também sabemos que pode ser um lugar onde as pessoas têm experiências negativas. “
Por último, afirmam que continuarão a trabalhar com parceiros externos e pesquisadores para analisar todos os dados e assegurar que estão desenvolvendo novas funções aplicadas à rede.
Fonte: Aleteia