Um primeiro desafio que se apresenta à catequese é: educar a fé, por meio de um processo orgânico, que conduza à maturidade da fé. Recordemos o que diz o documento Catechesi Tradendae: a catequese “é um processo de educação da fé que compreende um especial ensino da doutrina cristã, com o fim de iniciar as crianças, os jovens e os adultos na plenitude da vida cristã (CT 18). E completamos com o documento Catequese Renovada: a catequese compreendida como um processo que leva “a maturidade da fé, num compromisso pessoal e comunitário de libertação integral” (CR 318).
Um segundo desafio nos é apresentado pelo documento de Aparecida que chama atenção para as linguagens utilizadas na ação pastoral de toda a Igreja, pois ainda “persistem linguagens pouco significativas para a cultura atual que, muitas vezes, parecem não levar em consideração a mutação dos códigos existencialmente relevantes” (DAp 100d) na atualidade.
Há, também, o desafio de não reduzir a catequese a períodos ocasionais, sem ligação com a vida, ou ainda “reduzida a momentos prévios aos sacramentos ou à iniciação cristã” (DAp 298). A catequese é chamada “a acompanhar ativa e metodicamente a pessoa para que ela se torne discípula missionária, cada vez mais consciente, comprometida e consequente” (ALMEIDA, 2010, p. 25).
O desafio da formação integral destaca-se dentro do contexto de uma catequese que não se limite a uma formação meramente doutrinal, antes, faz-se “necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos demais” (DAp 299).
Quando se apresenta a catequese como processo de educação da fé, não se deve esquecer de que a fé é dom de Deus, e é proposta; no entanto, deve-se igualmente levar em consideração que a fé precisa ser também resposta, pois “a fé é fundamentalmente uma resposta a uma proposta” (BINGEMER, 2009, p.38).
Diante da proposta divina que é a Revelação, o ser humano é convidado a responder, pela fé, positivamente com um ato de entrega e adesão à mensagem proclamada por Jesus Cristo (DV 5). A catequese é desafiada a se concentrar no que é comum para o cristão e educá-lo para a vida comunitária ajudando-o, assim, a celebrar e testemunhar sua fé e seu compromisso com Jesus Cristo (DNC. 41).
A mudança de época ainda desafia a catequese, no âmbito da transmissão, ou seja, o catolicismo não é mais algo naturalmente herdado, transmitido pela família. E observa-se, que “passamos de uma ‘situação de cristandade’, em que se ‘nascia’ cristão, para uma ‘situação de missão’, em que se é cristão ‘por opção’” (BENAVIDES, 2013, p. 24).
Presentes tais desafios, a catequese se volta para a iniciação cristã, como possibilidade de redescobrir seu sentido como processo que conduz a pessoa ao encontro com Jesus Cristo e sua Palavra, através da comunidade. Entende-se, assim, a iniciação como dom e, também, como resposta, acolhida e conversão (BENAVIDES, 2013).
Desde o Vaticano II, a catequese percebe a necessidade de recuperar a centralidade de Jesus Cristo e oferecer um processo de educação da fé que leve ao compromisso com a mensagem cristã. As interpelações do documento de Aparecida permite que a catequese retome conceitos importantes no processo de educação da fé, se descubra chamada a ser espaço privilegiado de encontro com Jesus e sua mensagem, e chegue ao discipulado (DAp 288).
Diante dos desafios que se impõem à catequese, é possível, como diz Aparecida, assumir a iniciação cristã como tarefa irrenunciável e dinâmica de nova evangelização (DAp 287) Torna-se, então, a iniciação cristã a “maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e iniciá-lo no discipulado” (DAp 288).
Débora Regina Pupo
Coordenadora da Catequese no estado do Paraná (Regional Sul 2 da CNBB).