O beato Carlo Acutis e o beato Pier Giorgio Frassati, dois jovens católicos amados por sua fé vibrante e testemunho de santidade, serão canonizados juntos em 7 de setembro, anunciou hoje (13) a Santa Sé.
A data foi definida durante o primeiro consistório público ordinário de cardeais do pontificado do papa Leão XIV, hoje no Palácio Apostólico. Acutis, que morreu de leucemia em 2006, aos 15 anos, se tornará o primeiro millenial, ou seja, que cresceu na virada do milênio, a ser declarado santo pela Igreja.
A canonização de Acutis estava originalmente marcada para 27 de abril, durante o Jubileu dos Adolescentes. A cerimônia foi adiada depois da morte do papa Francisco em 21 de abril. Apesar da mudança, milhares de peregrinos de todo o mundo que viajaram a Roma para a canonização de Acutis foram ao funeral de Francisco e à missa do jubileu, que atraiu cerca de 200 mil pessoas.
Em uma decisão inesperada, o consistório também decidiu adiar a data da canonização de Frassati, que havia sido marcada para 3 de agosto, durante o Jubileu dos Jovens.
Carlo Acutis: o primeiro santo millenial
Acutis nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, Inglaterra, onde seus pais, os italianos Andrea Acutis e Antonia Salzano, trabalhavam. Meses depois, a família retornou para a Itália e passou a morar em Milão. Morreu de câncer em 2006. É conhecido por sua grande devoção à presença real de Jesus na Eucaristia.
Carlo Acutis se tornou o primeiro millenial a ser beatificado pela Igreja em 2020 e é muito popular entre os católicos, especialmente os jovens. Conhecido por sua fé profunda e conhecimento digital, ele usou suas habilidades em programação para chamar a atenção para milagres eucarísticos em todo o mundo. Sua exposição de milagres, com mais de 100 milagres documentados relacionados à eucaristia ao longo da história, já percorreu milhares de paróquias nos cinco continentes.
Foi beatificado pelo papa Francisco em 10 de outubro de 2020, depois do reconhecimento de um milagre por sua intercessão que aconteceu no Brasil.
O menino Matheus Vianna, de Campo Grande (MS) foi curado de uma malformação congênita conhecida como pâncreas anular. A mãe dele ouviu falar de Carlo Acutis por meio de um padre amigo e se dedicou a pedir a intercessão de Carlo pela cura de seu filho. O milagre aconteceu depois que Matheus venerou uma das relíquias do beato que chegou ao Brasil em 2013.
A Santa Sé reconheceu formalmente um segundo milagre atribuído à intercessão de Acutis em 23 de maio de 2024. O caso envolveu a cura de Valéria Valverde, de 21 anos, da Costa Rica, que sofreu uma grave lesão cerebral em um acidente de bicicleta enquanto estudava em Florença em 2022. Ela não tinha chances de sobreviver, mas se recuperou depois que sua mãe rezou pela intercessão de Acutis em seu túmulo em Assis.
Acutis frequentava a missa diariamente desde jovem e era apaixonado pela presença real de Jesus na Eucaristia. Logo depois de sua primeira comunhão, aos sete anos de idade, Carlo disse à mãe: “Estar sempre unido a Jesus: este é o meu plano de vida”.
Carlo chamou a eucaristia de “minha estrada para o céu” e fez tudo o que estava ao seu alcance para tornar essa presença real conhecida. Seu testemunho inspirou seus pais a voltarem a praticar a fé católica e sua babá hindu a se converter e ser batizada.
Muitos colegas de classe, amigos e familiares de Carlo testemunharam à Santa Sé como ele os aproximou de Deus. Ele é lembrado por dizer: “Pessoas que se colocam diante do sol se bronzeiam; pessoas que se colocam diante da eucaristia se tornam santas”.
Pouco antes de sua morte, Acutis ofereceu seu sofrimento de câncer “ao papa e à Igreja” e expressou o desejo de ir “direto para o céu”.
Conhecido como uma criança alegre e gentil, apaixonada por animais, videogames e tecnologia, a vida de Acutis inspirou documentários, projetos de evangelização digital e a fundação de escolas em seu nome. Seu legado continua ressoando fortemente com uma nova geração de católicos.
Pier Giorgio Frassati: “Às alturas” da santidade
Frassati, que morreu aos 24 anos em 1925, é hoje amado por muitos jovens católicos pelo seu testemunho de santidade que chega “às alturas”.
O jovem da cidade de Turim, no norte da Itália, era um alpinista ávido e dominicano da Ordem Terceira, conhecido por suas obras de caridade.
Nascido no Sábado Santo, 6 de abril de 1901, Frassati era filho do fundador e diretor do jornal italiano La Stampa.
Aos 17 anos, entrou para a Sociedade de São Vicente de Paulo e dedicou grande parte de seu tempo livre a cuidar dos pobres, dos desabrigados e dos doentes, bem como dos militares desmobilizados que voltavam da Primeira Guerra Mundial.
Frassati também participou do Apostolado da Oração e da Ação Católica. Ele obteve permissão para receber a comunhão diariamente, o que na época não era permitido.
Numa fotografia daquela que seria sua última escalada, Frassati escreveu a frase “Verso L’Alto” (“Às alturas”, em italiano). Essa frase tornou-se um lema para os católicos inspirados por Frassati lutarem pelo pico da vida eterna com Cristo.
Frassati morreu de poliomielite em 4 de julho de 1925. Mais tarde, seus médicos especularam que o jovem contraiu poliomielite enquanto servia aos doentes.
O papa são João Paulo II, que beatificou Frassati em 1990, chamou-o de “homem das Oito Bem-Aventuranças”, descrevendo-o como “inteiramente imerso no mistério de Deus e totalmente dedicado ao serviço constante ao próximo”.
A missa de canonização de Acutis e Frassati está prevista para ocorrer na Praça de São Pedro.
Durante o consistório de hoje, o Colégio Cardinalício aprovou as próximas canonizações de outros sete beatos, incluindo Bartolo Longo, José Gregorio Hernández, Peter To Rot, Vincenza Maria Poloni, Ignazio Choukrallah Maloyan, María del Monte Carmelo Rendiles Martínez e Maria Troncatti, que serão canonizados juntos em 19 de outubro.
Fonte: Vatican News
