Entre 28 de março e 4 de abril, a Igreja Católica celebra a Semana Santa, entre o Domingo de Ramos (28) e o Domingo de Páscoa (4). Nestes dias, tradicionalmente, as igrejas particulares reúnem milhares de fiéis em diversas celebrações.
Contudo, desde o ano passado, por conta da pandemia do coronavírus, as arquidioceses seguindo as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, do Vaticano, estão evitando a realização de procissões ou qualquer tipo de ato que gere a aglomeração de fiéis, preservando assim a vida de cada um e, consequentemente, a saúde pública.
Um dos pontos altos da Semana Santa é a Via-Sacra, prática devocional que percorre os caminhos das paróquias.
“Neste ano, devido ao afastamento social essa tradição foi transferida para as nossas casas ou então via meios de comunicação. É uma prática que podemos fazer sempre e, em muitas congregações religiosas o fazem costumeiramente às sextas-feiras. É a salutar devoção que nos ajuda a refletir sobre o caminho da cruz de Jesus Cristo e nossa caminhada. Queremos abraçar a cruz agradecendo ao Senhor por nos ter dado a vida através de sua morte na cruz, mas também como acolhimento de nossas cruzes, pois só com a cruz de Cristo é que as nossas adquirem sentido”, afirma o cardeal Orani João Tempeta, arcebispo do Rio de Janeiro.
Segundo o cardeal Orani, a devoção popular da Via-Sacra trata-se de uma série de estações que nos refaz relembrar os passos da Paixão e Morte de Jesus de Cristo. “É perpassar pelas quatorze estações e reviver que “o encontro com a cruz, que se toca e se leva, transforma-se num encontro interior com Aquele que na cruz morreu por nós” (Papa Bento XVI).
Para recordar o caminho feito por Jesus carregando a cruz, desde a sua condenação até a sua ressurreição, as arquidioceses respeitando os protocolos sanitários, irão realizar a Via-Sacra em áreas externas ou por meio de transmissão on-line para que os fiéis acompanhem de suas casas.
Vias-sacras adaptadas no contexto da pandemia
Com os fiéis impedidos de realizarem comunitariamente uma das grandes devoções na tradição cristã, a Via-Sacra, nem fazer encenações, como preparação à Semana Santa, várias igrejas particulares estão fazendo adaptações de acordo com o contexto atual.
Dom Walter Jorge, bispo da diocese de União da Vitória, por exemplo, indica para as famílias e grupos das redes sociais, o texto da ‘Via Sacra para a Pandemia’, elaborada pelo padre Emílio Bortolini Neto, pároco da paróquia São Miguel Arcanjo, de Porto Vitória (PR).
Adaptada à situação de Pandemia que vive a sociedade, pelo novo Coronavírus, a ‘Via Sacra para a Pandemia’ convida os fiéis a unirem seus sofrimentos aos sofrimentos de Jesus no Caminho da Cruz, confiando e buscando entendimento da situação, aos olhos de Deus, como expressa padre Emílio no início do texto.
Confira (aqui) o texto.
Outras iniciativas
Na área pastoral de Vitória (ES) duas paróquias estão fazendo a Via-Sacra em áreas externas e, certamente, outras iniciativas estão acontecendo em outras paróquias. Na paróquia Nossa Senhora das Graças em Jucutuquara, a Via-Sacra está sendo realizada cada semana pelas ruas de uma das comunidades, conforme informou Paola Primo, agente da Pastoral da Comunicação paroquial. Ao ar livre o perigo de contaminação é menor e as pessoas conseguem caminha mantendo a distância necessária entre elas.
Na mesma linha a paróquia Nossa Senhora da Vitória (Catedral), também vem fazendo a Via-Sacra ao ar livre, mas no entorno da Catedral. “Aqui uma ou duas comunidades são convidadas para o a sexta-feira, mas quem quiser pode participar”, explicou Vera Benezath, coordenadora de liturgia da Catedral. Ela acrescentou ainda que tem recebido pessoas até de outras paróquias. No início são dadas as orientações e é feito o pedido para que as pessoas mantenham distância uma das outras e isso tem sido cumprido. Na frente do grupo segue uma cruz coberta com pano roxo, cor que é usada na Quaresma “como expressão do luto pelo sofrimento de Jesus” e duas tochas, símbolos da fé. Entre as paradas após cada uma das 14 estações da Via-Sacra são entoados cantos próprios do Tempo Litúrgico e que ajudam na reflexão das estações.
A iniciativa de caminhar para fazer a Via-Sacra, porém, não foi apenas por conta da pandemia. Quem explica é padre Renato Criste, pároco da Catedral: “Via-Sacra sugere caminhada, contemplamos os últimos passos de nosso Senhor até o calvário para sua entrega amorosa na cruz. Deste modo, já há 4 anos passamos a realizar a Via-Sacra no entorno da Catedral, na área externa, também para tornar mais dinâmica e contemplativa a participação. A experiência deu certo. Neste ano, decidimos manter a dinâmica, reforçada pelo contexto da pandemia, as áreas mais abertas oferecem maior segurança para as pessoas. Não se trata de grandes procissões como as que ocorrem, por exemplo, na semana santa que costumam reunir uma multidão. Assim, a gente tem conseguido manter a tradição, mesmo em um contexto que ainda exige de nós muita atenção e cuidados”.
Na arquidiocese de Mariana (MG), devido à pandemia da Covid-19, algumas paróquias estão realizando a transmissão da Via-Sacra para que os fiéis possam acompanhar e orar de suas casas. Na Paróquia de Sant’Ana, por exemplo, a transmissão acontece toda sexta-feira, às 19h30, pelo canal no YouTube e página no Facebook da Paróquia (Pascom Paróquia Sant’Ana – Abre Campo); em Congonhas, na Basílica Do Senhor Bom Jesus (Reitoria) a transmissão é feita toda sexta-feira, às 18h, pela rádio Congonhas FM 91.3; já em Conselheiro Lafaiete, a paróquia de Nossa Senhora da Luz faz a transmissão toda sexta-feira, às 19h, pela página no Facebook do Santuário da Luz. (Confira a programação completa).
Com informações e fotos das Arquidioceses de Mariana (MG) e Vitória.
Fonte: CNBB