De onde vem a tradição popular dos santos padroeiros?

Santo Antônio. Créditos: Pixabay

Por que os santos viram padroeiros de alguma causa, profissão, cidade, país…? Tradição popular ou decretos da Igreja?

“Santo Antônio, ajude-me a encontrar minhas chaves”. Quem não pediu um dia a este ou aquele santo que viesse em seu auxílio? Num registro mais amplo, muitos católicos, confrontados com provações, invocam a intercessão dos santos. “À medida que Deus nos escapa e não nos sentimos dignos da sua atenção, procuramos intermediários, que transmitam as nossas intenções e que, em troca, nos tragam a graça de Deus”, analisa o padre francês Maximilien de la Martinière.

Sobre o tema dos santos padroeiros, o sacerdote explica: “Dizemos a nós mesmos que quanto mais próximo este santo estiver de Deus, mais afortunados somos por ele levar até o Senhor as nossas orações e, ao mesmo tempo, temos um carinho especial por aqueles que estão próximos de nós naquilo que vivemos na terra”, diz o sacerdote, dando o exemplo dos santos regionais ou locais, ligados a um território e à sua história.

O santo, alguém que “fala conosco”

“O que põe em movimento a devoção é esta amizade com o santo: é alguém que ‘fala conosco’… Mas é também uma experiência vivida, (tal santo me ouviu), uma transmissão (a minha avó rezava muito a este santo ),” lembra o padre.

Com o tempo, estabelece-se uma “familiaridade com com este ou aquele padroeiro”.

Mas de onde vem essa tradição?

Sinal de uma busca universal pelo absoluto, os padroeiros são invocados pelos homens, crentes ou não, desde a Idade Média. As corporações comerciais se uniam para obter a proteção de um santo, como Santa Bárbara, que nasceu no século III e foi torturada pelo pai por ter escolhido entregar-se a Cristo. O pai dela foi atingido por um raio logo após decapitá-la. Essa ligação com os raios fez dela a padroeira dos armeiros, artilheiros e pirotécnicos, e depois dos bombeiros. 

Tradições

Às vezes, é uma anedota atribuída a um santo muito antigo, somada a uma vida verdadeiramente edificante, que tem levado a tradição popular a atribuir-lhe o patrocínio de uma causa. Como Santo Antônio, venerado entre as pessoas que perdem alguma coisa. Diz-se que este discípulo de São Francisco encontrou milagrosamente o seu precioso saltério anotado, que lhe havia sido roubado. 

Até ao século XVI, a piedade popular designava numerosos santos para invocar proteção contra um flagelo ou doença específica, por vezes relacionando-se com lendas e confundindo a linha entre fé e superstição. 

Igreja e piedade popular: um duplo movimento

A Igreja convida-nos, assim, a inspirar-nos na vida exemplar dos santos que, como nós, viveram neste mundo. Com efeito, “no que diz respeito aos santos, a instituição eclesial e a piedade popular alimentam-se mutuamente”, resume o Padre Maximilien. “A Igreja pode propor um santo, do qual os fiéis se apropriarão, como São Lucas, padroeiro dos médicos. Ou, na maioria das vezes, são as pessoas que reconhecem a santidade de alguém através de milagres, da tradição oral… O que leva a Igreja a estudar a sua canonização”, conclui. 

Por isso, não hesitemos em pedir a intercessão destas grandes figuras da fé!

Fonte: Aleteia

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