Entenda o significado da virtude da compaixão

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Muitas vezes, em nosso cotidiano, somos lembrados pelos nossos amigos das atitudes ou virtudes que devemos viver em relação a nós mesmos ou em relação aos demais: Seja mais paciente! Seja mais compreensivo! Seja mais tolerante! Seja mais esforçado! Seja mais calmo!

Por outro lado, sabemos que, para nós católicos, a fonte de todas as virtudes está nas chamadas virtudes teologais: o homem é incapaz de responder a Deus com as suas potências naturais. Nesse sentido, Fé, Esperança e Caridade são virtudes infusas no homem e que o tornam capaz dessa resposta.

Penso que a virtude da compaixão ou da misericórdia é muito importante para poder nos tornar capazes de dar esta resposta, pois é um canal entre a fonte que precisamos para ser virtuosos e as atitudes que os demais esperam de nós. Sendo compassivos e misericordiosos, poderemos crescer em outras atitudes e condutas que nos farão mais felizes, e ajudaremos aos demais nesse caminho.

A palavra compaixão vem do latim compassio e está vinculada a outra palavra em latim, miserearis, ambas com significado de compadecer-se de alguém. É preciso compreender melhor esta realidade em nossa vida e entender qual o sentido de dizer que “Deus se compadece de nós”.

E o que é ter compaixão do outro?

É essencial vincular a palavra compaixão a outra que também é muito rica na nossa fé católica: misericórdia. Quem é misericordioso? Sabemos que “Deus é misericordioso”, embora este conceito apareça em várias religiões, incluindo o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo.

Para os cristãos católicos, “o Deus misericordioso Se fez carne, encarnando-Se no seio da Virgem Maria; Ele é o Rosto misericordioso do Pai, pois a imagem do Deus misericordioso é o próprio Jesus” (Col 1, 15). Misericórdia é a junção de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) e cordis (coração). Assim, pode ser entendida, literalmente, como “coração compadecido”.

Foto retirada do A12. Créditos: Thiago Leon

O Papa Francisco define a Misericórdia como “abrir o coração ao miserável”

No Antigo Testamento, há uma palavra hebraica para se referir à Misericórdia: rahamim. Esta representa as entranhas da pessoa (seio materno, coração paterno). Sentir compaixão é um apego instintivo (natural) de um ser para outro. Este sentimento tem seu lugar próprio no seio materno: rehem.

Podemos ver esta palavra no episódio em que Salomão ia partir em dois uma criança, na disputa entre duas mulheres. A Sagrada Escritura diz que a verdadeira mãe “sentiu suas entranhas enternecerem-se pelo seu filho e disse ao rei: ‘Rogo-te, meu senhor, que dês a ela o menino vivo; não o mateis’”(1 Re 3, 26). Ou seja, decidiu dar seu filho para outra mulher para salvar a vida do filho!

Com certeza, esta realidade da Misericórdia e da Compaixão de Deus sai ao nosso encontro, de maneira plena, na Encarnação do Filho, o qual nos mostra o coração íntimo do amor trinitário. A própria vida de Nosso Senhor, observada e interiorizada no Novo Testamento, é um oásis de misericórdia permanente pela humanidade, e Ele mesmo nos ensina a seguir seu modelo: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7).

Para finalizar, lembremos que, na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, o Santo Padre nos lembra que a misericórdia tem dois aspectos: dar (ajudar, servir aos outros) e perdoar, compreender.

Aqui temos um ensinamento muito importante para podermos ser homens e mulheres que bebam cada vez mais da fonte de Misericórdia, e para que possamos ser misericordiosos com os demais, em especial com os que mais precisam de nós. Pois, para ser virtuosos, devemos, acima de tudo, olhar em nós e nos demais, como pessoas cuja maior dignidade é porque Cristo derramou Seu sangue por cada um de nós.

Fonte: A12

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