O Santo Padre chegou a presentear os fiéis com a Catequese dos Anjos, abordando o assunto por seis encontros
Estamos comemorando nove anos da canonização do João Paulo II, que é considerado o Papa Apóstolo da Divina Misericórdia. Porém, é oportuno insistir nos espíritos celestiais que tiveram tanta importância no pensamento e na devoção do papa polonês.
No início do século XXI, os homens não parecem dispostos a admitir a realidade do mundo dos Anjos. Esses seres sobrenaturais são voluntariamente relegados ao campo dos sonhos, mitos e lendas, às categorias abstratas ou simbólicas, às concepções imaginárias da arte e da literatura. Eles são muito bem concebidos como se tivessem povoado o universo com nossos ancestrais desde a Antiguidade ou a Idade Média, mas não vemos mais o lugar que ainda poderiam ocupar no cosmos da ciência contemporânea. O homem de hoje, temperado nas disciplinas científicas, reluta em admitir a existência daquilo que não cai nos sentidos e escapa a qualquer experimentação.
Para o Papa João Paulo II, a criação dos seres puramente espirituais merecia atenção especial.
João Paulo II e a Catequese dos Anjos
Foi em 1986, na tradicional audiência papal das quartas-feiras, que o Santo Padre presenteou os fiéis com a Catequese dos Anjos, abordando o assunto por seis encontros e exortando os católicos a essa verdade de fé.
O assunto “anjo”, nas últimas décadas, tornou-se um pouco confuso por ser mencionado em outras religiões ou correntes filosóficas, razão pela qual o pontífice destacou este tema tão essencial a nossa peregrinação neste mundo temporal.
São João Paulo II nos deixa claro que homens e anjos desempenham funções específicas de acordo com a sua natureza dentro do plano salvífico em Cristo. Segundo a catequese de João Paulo II, embora o anjo seja um intermediador entre Deus e o homem, as criaturas celestes caminham lado a lado conosco no exercício da vida, auxiliando-nos para que se cumpra o propósito divino em nossa jornada terrena.
Os anjos são mencionados centenas de vezes nas Sagradas Escrituras, e embora o homem moderno não a acesse como deveria, as informações sobre os mensageiros de Deus podem ser pesquisadas em muitas obras hagiográficas, no magistério e na Tradição da Igreja.
O que diz o Catecismo
A declaração doutrinária mais clara e completa que temos agora sobre os Anjos é a do Catecismo da Igreja Católica (CIC) que vem da promulgação do Papa João Paulo II. Este importante texto teve, naturalmente, seu lugar à frente da presente coleção. Depois de ter definido as características essenciais dos Anjos: criaturas puramente espirituais, pessoais e imortais, mostra, sobretudo os Anjos em torno de Cristo e na vida da Igreja.
Esta exposição – curta e completa – resume maravilhosamente todo o ensinamento dos Papas a este respeito, principalmente as catequeses dadas por João Paulo II durante as audiências gerais de julho-agosto de 1986.
O Santo Padre entendeu na obra de Santo Tomás de Aquino os principais elementos de uma síntese racional sobre o lugar dos Anjos na hierarquia das criaturas, sobre suas qualidades e privilégios, sobre sua divisão em Ordens e Graus de acordo com suas propriedades.
O trabalho dos anjos
Inteligentes e livres, os Anjos foram chamados por Deus a fazer uma escolha decisiva entre o bem e o mal, escolha que, pela perfeição da sua natureza, era necessariamente radical e irrevogável. Alguns, cegos pelo seu orgulho e fechados no seu respeito próprio, rebelaram-se contra Deus e dele separaram-se para sempre: são os demónios, inimigos implacáveis de Deus e do seu desígnio de amor para a humanidade. Os outros, que deliberadamente escolheram Deus como seu bem supremo e soberano, estão ligados a ele para sempre e associados à sua felicidade. O principal trabalho dos anjos bons é contemplar e louvar a Deus continuamente.
“Seus anjos veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus”, disse Jesus sobre as crianças. Mas eles também exercem um papel mediador entre Deus e os homens. Como o próprio nome diz, são os enviados, os embaixadores de Deus para colaborar no desígnio divino em toda a criação. A sua missão, de modo especial, é ajudar os homens a alcançar a salvação. Segundo o ensinamento tradicional da Igreja, um Anjo é dado a cada ser humano para ser seu companheiro, seu apoio e seu protetor durante toda a sua peregrinação terrena. Os Anjos da Guarda são para nós uma solicitude extrema, constante e rápida, zelando pela nossa segurança corporal, mas sobretudo pela nossa saúde espiritual. Os poderes sobrenaturais que eles têm como Anjos os tornam auxiliares particularmente valiosos na luta que temos que travar contra os demônios. Por outro lado, devemos ter para com eles deveres de respeito, veneração, gratidão e confiança. É aconselhável nunca esquecer sua presença e invocá-los com frequência.
Os Arcanjos
Na imensa legião dos Espíritos celestes, três dos maiores, os chamados “Arcanjos”, aparecem na Bíblia com nome próprio correspondente à sua personalidade e à sua missão: São Miguel, Gabriel e Rafael. São Miguel, cujo nome significa “Quem é como Deus” é o campeão, defensor e vingador dos direitos de Deus, o título protetor da Igreja e de todos os fiéis, o guardião das almas e o Anjo da paz. São Gabriel foi escolhido para ser o Anjo da Anunciação, o Mensageiro enviado por Deus para anunciar à Virgem Maria a Encarnação do Filho de Deus, que Pio XII o proclamou patrono celestial das telecomunicações. Quanto a São Rafael, ele é conhecido pelo Livro de Tobias, como o guia seguro dos viajantes e o curador dos enfermos.
Papa João Paulo II foi um grande incentivador à devoção dos espíritos celestiais, e talvez poucos saibam que este afamado papa era extremamente devoto de São Miguel Arcanjo, ao qual dedicou muitas peregrinações em sua honra. Que sigamos o exemplo deste grande santo do nosso tempo ao nos voltarmos às orações e ao conhecimento das criaturas puramente espirituais.
A Bíblia, o CIC e muitos livros católicos podem orientar você ao estudo aprofundado da angelologia. Deixaremos algumas dicas de leitura por aqui:
• Bíblia Sagrada;
• Summa Angelorum. Unidos com os Santos e os Anjos. Ferdinand Holbock;
• São Miguel Arcanjo – um tratado sobre Angelologia. Loo Burnett;
• Catecismo da Igreja Católica;
• História do Mundo dos Anjos. Padre José Antônio Fortea;
• Suma Teológica. Tomás de Aquino
Fonte: Aleteia