Maria e o Espírito Santo

Imagem Ilustrativa. Créditos: Pixabay

Maria é especialmente contemplada pelo Espírito Santo. Torna-se mãe do Salvador devido à ação criadora Dele. “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1,35).

Há uma relação clara da ação do Espírito na Anunciação com dois momentos-chave na missão de Jesus: 

1. No batismo, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, e do céu veio uma voz: “Tu és o meu filho amado; em ti está o meu agrado” (Lc 3,2,21s).

2. Na transfiguração, estava ainda falando, quando desceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!” (Lc 9,34s).

Isto significa: envolver, proteger, revestir com a glória divina. Este fato nos lembra a nuvem que cobre a “Tenda do Encontro”, ao acompanhar o Povo de Deus na sua peregrinação no deserto, rumo à terra prometida (Ex 40,35.37). Mais tarde, a tradição cristã relê este versículo e considera Maria como a nova tenda do encontro, na qual Deus se aproxima da humanidade por meio da encarnação de seu Filho.

O Espírito age em Maria não somente na encarnação do Filho de Deus, mas também lhe dando a energia para acolher o mistério divino, fazer-se serva e peregrinar como discípula do Senhor e mãe da comunidade.

– O Espírito atua em Jesus, dá-lhe a força e poder de pregar e libertar (Lc 4,14.18).

– No tempo da Igreja, o Espírito é o poder de Deus, concedido pelo ressuscitado aos que creem (At 1,8; 6,8; 10,38).

– Atualiza a presença de Jesus no mundo.

– Pelo Espírito, os seus seguidores operam maravilhas como Jesus: curar, perdoar, dar vida aos mortos, mover paralisados, expulsar as forças do mal, enfrentar os poderosos sem medo (At 3,6-10; 4,8-10).

– Na força do Espírito Santo, os cristãos enfrentam o sofrimento, a perseguição e a morte (At 12,1-5).

– A comunidade vive desafios novos, como a entrada dos pagãos no grupo dos seguidores de Jesus. É necessário arriscar e discernir a vontade de Deus à luz do Espírito, como acontece no Concílio de Jerusalém (At 15).

Maria participa da ação criadora do Espírito, individualmente, no seu próprio corpo. E toma parte da ação coletiva do Espírito em Pentecostes. Personagem central na encarnação, participa discretamente no mistério da difusão do Espírito a todos os povos.

Redescobrimos hoje a força do Espírito Santo na vida dos cristãos. Maria aparece como a figura do ser humano que se deixa moldar pelo Espírito. Nela, o Espírito habita, faz morada, toca a corporeidade, a subjetividade, os desejos e as ações.

João Paulo II mostra essa ligação da ação do Espírito Santo em Maria, na Anunciação e em Pentecostes: “a caminhada de fé de Maria, que vemos a orar no Cenáculo, é mais longa do que a dos outros que aí se encontravam reunidos: Maria “precede-os”, vai adiante deles. O momento do Pentecostes, em Jerusalém, foi preparado pelo momento da Anunciação, em Nazaré. No Cenáculo, o itinerário de Maria encontra-se com a caminhada da fé da Igreja” (RM 26).

Francisco nos diz que o Espírito Santo e Maria estão juntinhos, na nossa missão evangelizadora: Juntamente com o Espírito Santo, sempre está Maria no meio do povo. Ela reunia os discípulos para o invocarem (At 1, 14), e assim tornou possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender o espírito da nova evangelização (EG 284).

Maria, templo do Espírito, é também profetiza da justiça e da misericórdia de Deus na história. Ela simboliza a humanidade transformada pelo Espírito. Este mesmo Espírito anima os que se empenham pela cidadania planetária, na qual se rompe a lógica da exclusão e se colocam juntos os humanos, a água, o solo, o ar, as plantas, os animais, e os ecossistemas.

O Espírito, que dá a vida, renova por dentro a homens e mulheres, e os chama para cuidar da vida em toda a sua extensão, especialmente onde ela está mais ameaçada. Entre os mais pobres e excluídos. Em defesa da Terra e dos seus biomas.

O Espírito Santo faz com que pessoas de diferentes línguas e culturas se entendam. Ele nos impulsiona a cultivar a unidade no meio das diferenças. Estar no Espírito significa superar os preconceitos e a intolerância em favor do diálogo, do respeito e da colaboração recíproca, a começar da nossa comunidade, e passando pelas diferentes igrejas que formam a Igreja de Jesus. Por isso, a semana que antecipa Pentecostes é especialmente dedicada a cultivar o ecumenismo. Na companhia de Maria, invocamos, como no Salmo 104: “Envia teu Espírito Senhor, e renova a face da Terra”.

Oremos:

Bendita és tu, Maria, templo do Espírito,

morada do Filho de Deus encarnado,

discípula e mãe ungida pelo Senhor Jesus.

Amém.

Retirado do site http://maenossa.blogspot.com

Fonte: A12

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