Em seu discurso do Ângelus de hoje (29), o papa Francisco condenou uma cultura que “descarta” crianças não-nascidas, velhos e pobres se eles não forem úteis.
“A cultura do descartável diz: ‘Eu uso você tanto quanto preciso. Quando não estou mais interessado em você, ou você está no meu caminho, eu o expulso’. São especialmente os mais fracos que são tratados dessa maneira – crianças nascituras, idosos, necessitados e desfavorecidos”, disse o papa.
“Mas as pessoas nunca devem ser expulsas. Os desfavorecidos não podem ser jogados fora. Cada pessoa é um presente sagrado e único, não importa qual seja sua idade ou condição. Respeitemos e promovamos sempre a vida! Não desperdicemos a vida.”
Falando da janela do Palácio Apostólico, o papa observou que a “cultura do descartável” é predominante nas sociedades mais ricas. “É um fato que cerca de um terço da produção total de alimentos é desperdiçado no mundo a cada ano, enquanto muitos morrem de fome”.
“Os recursos da natureza não podem ser usados assim. Os bens devem ser cuidados e repartidos de modo que a ninguém falte o necessário. Em vez de desperdiçar o que temos, vamos disseminar uma ecologia de justiça e caridade, de partilha”.
Para o papa, o chamado de Jesus nas bem-aventuranças para ser “pobre de espírito” inclui o “desejo de que nenhum dom seja desperdiçado”. Ele disse que isso inclui não desperdiçar “o dom que somos”.
“Cada um de nós é um bem, independente dos dons que tenha. Toda mulher, todo homem é rico não apenas em talentos, mas também em dignidade. Ele ou ela é amado por Deus, é valioso, é precioso”, disse ele.
“Jesus nos lembra que somos abençoados não pelo que temos, mas por quem somos.”
Um pequeno palco foi montado na praça de São Pedro antes do discurso do Papa no Ângelus, onde jovens se reuniram com balões e faixas cantando hinos como parte da “Caravana da Paz” da Ação Católica.
No final do Ângelus, um menino e uma menina se juntaram ao Papa Francisco na janela do Palácio Apostólico e leram em voz alta uma carta sobre seu compromisso com a paz.
O papa agradeceu a iniciativa da Ação Católica pela paz. “Pensando na atormentada Ucrânia, nosso compromisso e oração pela paz devem ser ainda mais fortes”, disse ele.
O papa também falou da Terra Santa, onde um atentado a tiros diante de uma sinagoga em Jesrusalém matou sete israelenses. O atentado terrorista seguiu-se a uma ofensiva do Exército de Israel na Cisjordânia que deixou dez palestinos mortos.
“A espiral da morte que aumenta dia após dia não faz outra coisa senão fechar os poucos vislumbres de confiança que existem entre os dois povos”, disse o papa. “Desde o início do ano, dezenas de palestinos foram mortos em tiroteios com o Exército israelense. Apelo aos dois governos e à comunidade internacional para que encontrem, desde já e sem demora, outros caminhos, que incluam o diálogo e a busca sincera da paz. Irmãos e irmãs, oremos por isso!”
O papa Francisco pediu às pessoas que rezem por sua viagem apostólica à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul de 31 de janeiro a 5 de fevereiro.
“Estas terras, situadas no centro do grande continente africano, sofreram muito com longos conflitos. A República Democrática do Congo, especialmente no leste do país, sofre com confrontos armados e exploração. O Sudão do Sul, devastado por anos de guerra, anseia pelo fim da violência constante que obriga muitas pessoas a serem deslocadas e a viver em condições de grande privação”, afirmou. “No Sudão do Sul, chegarei junto com o arcebispo de Canterbury e o Moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia. Juntos, como irmãos, faremos uma peregrinação ecumênica de paz, para suplicar a Deus e aos homens o fim das hostilidades e a reconciliação. Peço a todos, por favor, que acompanhem esta Jornada com suas orações”.
Fonte: ACI Digital