Cada vez mais há, em nossas comunidades paroquiais uma equipe que se dedique ao “cuidado das vocações”, mesmo sabendo que não são os únicos responsáveis, são aqueles que animam e motivam o trabalho.
Porém, com certeza, você já ouviu ou até mesmo pode ter dito não saber o que é ou o que esta equipe faz. Com breves palavras poderíamos dizer que a Equipe Vocacional é composta por um grupo de cristãos que trabalham espiritual, formativa e materialmente por todas as vocações na comunidade eclesial.
Nesta definição aparece claro que este é um trabalho realizado por um grupo de pessoas. Sendo assim, é importante ter presente as três dimensões que, segundo pe. Valnei Pamponet fundamenta o trabalho em equipe e nos ajudam no processo de formação da Equipe Vocacional:
- Dimensão funcional: conjunto de pessoas que interagem movidos por um fim comum a todos eles
- Dimensão antropológica: o ser humano é essencialmente sociável (precisa do outro); para se falar em maturidade afetiva de uma pessoa é necessário que ela viva encontros realmente humanos (não fomos constituídos para a solidão, mas para a relação)
- Dimensão teológica: “no início está o Deus trino. Por ele fomos criados. Nossa ultima estrutura humana foi plasmada pelo ato criativo do Deus trino. Tudo o que somos reflete a origem trinitária, comunitária” (pe. J. B. Libânio); a comunidade eclesial é formada pelos(as) seguidores(as) de Jesus Cristo, o trabalho em equipe não é apenas a união de pessoas visando uma atividade qualquer, mas é principalmente a manifestação da Igreja em sua essência.
Em uma Equipe Vocacional todos devem estar conscientes e ter clareza da motivação pela qual estão juntos: o amor e o trabalho pelas vocações. A clareza e a consciência são importantes, mas não bastam.
Muitas vezes, encontramos animadores(as) vocacionais que fazem de tudo na comunidade eclesial menos animação vocacional. É necessário que o grupo tenha prazer não só em trabalhar junto, como também em estar junto partilhando experiências, amizade, esperanças, sofrimentos, enfim, serem companheiros(as) de estrada. Para isso, é necessário e importante “gastar” tempo com momentos e atividades que ajudem e facilitem a integração das pessoas como momentos de oração, visitas, celebrações de datas importantes para as pessoas, retiros, lazer e partilha de vida.
Uma ressalva se faz muito importante: se paramos o processo de formação da equipe na dimensão antropológica, teremos um belo e ardoroso grupo para qualquer instância da sociedade, mas o objetivo é formar uma equipe consciente de pertencer a uma comunidade eclesial, por isso, o que qualificará este grupo virá exatamente da palavra cristão. Isso significa ter pessoas conscientes de sua vocação batismal, de serem discípulos-missionários de Jesus Cristo e pertencentes a uma comunidade eclesial. Por isso, no processo continuo de formação da equipe não se pode esquecer temas relativos ao aprofundamento da vocação batismal e consequentemente do discipulado.
Estas três dimensões que fundamentam o trabalho em equipe não são momentos separados, mas, um processo que vai se desenvolvendo à medida que a equipe vai atuando. O importe é o coordenador(a) ou assessor(a) tenha bem claro que o objetivo é chegar na dimensão teológica.
Portanto, a Equipe Vocacional não é também um simples agrupamento de pessoas isoladas em uma ação pastoral, ou simpatizantes e entusiastas pelas vocações. Ela é composta por pessoas conscientes de terem sido chamadas por Deus a serem cristãos; pessoas que procuram viver sua fé através do compromisso cotidiano com os irmãos e irmãs, no cultivo de sua espiritualidade e vida sacramental, dando, desta forma, um testemunho de vida e vocação realizada. O testemunho é a regra de ouro para toda e qualquer animação vocacional!
A esta altura você pode estar se perguntando: “Mas, onde fica o amor e a consciência de ser chamado para trabalhar pelas vocações?”. Sua pergunta tem fundamento, porém, não devemos esquecer que o amor por algo ou alguém, muitas vezes, esta latente e pode ser despertado. Sendo assim, será o processo de formação e trabalho na equipe que irá despertando esse desejo e amor pela causa vocacional a ponto da pessoa “vestir a camisa da animação vocacional”. O importante é sempre chamar, outra regra de ouro da PV.
Outro elemento de nossa definição do que seja a Equipe Vocacional é a consciência de que essa equipe em sua ação evangelizadora não pode agir de forma reducionista privilegiando esta ou aquela vocação específica. É seu papel despertar e formar na comunidade eclesial uma consciência vocacional de que todas as vocações e ministérios são necessários e importantes, como também acompanhar os jovens em processo de discernimento vocacional. Ao mesmo tempo, não se pode deixar de lado também a consciência de pertença a uma Igreja local, ou seja, de comunhão com as demais estâncias evangelizadoras da paróquia como também da diocese. Ou seja, não dá para pensar a animação vocacional fora de uma perspectiva de uma pastoral de conjunto e um planejamento participativo.
Composição e critérios de participação
Muitos dos critérios para ser membro da PV já foram elencados ao longo dessa cartilha. Em nosso tema de hoje, vamos apenas relembrar alguns critérios comuns que foram surgindo entre os(as) próprios(as) animadores(as) vocacionais espalhados por nosso país. Tomaremos como ponto de referência bibliográfica as indicações apresentadas pelo pe. Valnei Pamponet e pelo Caderno 24 da coleção “cadernos vocacionais”.
Composição da equipe
– Sendo o pároco o primeiro responsável pela existência da Equipe Vocaional, isso irá requerer dele em primeiro lugar amor as vocações e formação na área vocacional. Na medida do possível, que ele anime a comunidade eclesial para o surgimento de uma equipe vocacional ou de alguém que tenha o “cuidado” com as vocações. Talvez, você mesmo tenha sido convidado pelo pároco, por alguém da comunidade ou sentiu esse apelo de trabalhar pelas vocações. Então em sua comunidade/paróquia o primeiro passo já foi dado. Porém, não esqueça: sua responsabilidade é grande… você é chamado(a) a ser multiplicador deste chamado a outros pessoas;
– na medida do possível a equipe seja compostas por pessoas de diferentes opções vocacionais (casais, jovens, religiosas(os), solteiras, diáconos permanentes) e atuação pastoral (apostolado da oração, RCC, pastorais sociais, família, juventude, crisma, batismo, etc). A presença de pessoas que atuam em outras pastorais facilita o trabalho de integração da PV, principalmente com as pastorais afins (jovens, catequese, família e crisma).
– Este critério da diversidade vocacional e pastoral dos membros da equipe é o ideal. Se a sua equipe é pequena ou, tem poucos membros de outras pastorais não tem problema, o importante é começar. É melhor poucos e com vontade do que muitos que “não querem nada com nada”. Por isso mesmo, também pode ser membro da equipe alguém que ainda não tenha nenhuma atuação pastoral, em geral são pessoas que têm mais disponibilidade e tempo;
– o número de membros pode variar dependendo da realidade da paróquia ou comunidade. Às vezes, dependendo da realidade pode ser necessária a criação de uma equipe central pequena que anima, articula e coordena pequenas equipes vocacionais presentes nas comunidades ligadas à paróquia;
– em algumas realidades de nosso país é muito comum a existência de um “casal vocacional” em cada comunidade que compõe a paróquia. “Casal” aqui não significa necessariamente marido e mulher, mas um homem e uma mulher que juntos animam vocacionalmente sua comunidade eclesial.
Organização interna
– É importante que seja previsto um tempo de formação vocacional para os membros que comporão a Equipe, antes de começarem as atividades. Desta forma, todos podem ter o mínimo de clareza do que é e o que faz uma Equipe Vocacional. Mas não se esqueça: não pode ser um tempo muito longo porque as pessoas desanimam. É necessário após umas três formações iniciar algumas atividades básicas na área da oração pelas vocações;
– Para que exista uma pequena organização interna é necessário a escolha de um coordenador/a, secretário/a e tesoureiro/a. A figura do tesoureiro vai depender da realidade organizativa de cada equipe, mas por quanto pouco se tenha no campo financeira é melhor estar bem gerenciado;
– É importante que a equipe tenha e mantenha atualizado um caderno ou livro Ata com o “registro da memória”. Esse “registro” ajuda manter viva a caminhada percorrida, podendo assim evitar atropelos como o contínuo recomeçar como se nada tivesse sido feito anteriormente. O secretário(a) se ocupará desse registro;
– Também é muito importante que seja escolhido um membro da equipe, pode ser o coordenador como também não, para representar a equipe no Conselho de Pastoral Paroquial e outro, ou não tendo possibilidades a mesma pessoa, junto à Equipe Vocacional Diocesana. É importante aqui que o critério de escolha seja de uma pessoa com disponibilidade para tais reuniões e que faça de elo de ligação entre as várias instâncias, ou seja, uma pessoa de comunhão;
– Elaborar um Plano de Ação que preveja
- Objetivos e estratégias
- Calendário do ano ou semestre:
- Atividades que serão desenvolvidas
- Reuniões e formações da equipe
- Retiro da equipe
- Avaliação que pode ser semestral ou anual
– Montar um “calendário da vida” contendo as datas significativas dos membros da equipe, das pessoas que acompanha, ou de quem está ligado a este trabalho. Esses são momentos vocacionais importantes na vida das pessoas e uma equipe vocacional deve recordar e rezar por eles;
Critérios
É importante ter critérios básicos que orientam a composição da Equipe porque se não, corre-se o risco de “formar uma equipe vocacional contraditória, que muitas vezes se propõe fazer um serviço sem possuir maturidade suficiente para realizá-lo. Ter critérios na seleção de membros é um meio de organizar bem uma equipe e ao mesmo tempo evitar uma série de problemas para a Igreja. […] O que indicamos como critério não é algo absoluto, mas são antes de tudo propostas […] não pretendemos falar de critérios infalíveis e indispensáveis, mas apresentamos propostas que deverão ser avaliadas pela comunidade e comprovada sua aplicabilidade. Essa abertura para se verificar as possibilidades concretas da comunidade, no entanto, não pode ser pretexto para organizar uma equipe de qualquer forma com qualquer pessoa. Entre a não-existência de uma equipe e a existência de uma EVP desastrosa, a primeira opção muitas vezes é mais aceitável”.
Quando abordamos o tema do Animador(a) Vocacional, a Palavra de Deus nos ofereceu vários elementos que são os critérios básicos para se pertencer a essa equipe, mas também outros elementos que foram surgindo ao longo dessa cartilha. Resumindo todos eles, podemos dizer que, de preferência, o(a) animador(a) seja uma pessoa:
– adulta que aprende com a vida a lidar a com seus erros e fracassos;
– saiba trabalhar em equipe;
– com capacidade de relações interpessoais;
– flexível; capaz de escutar, refletir, propor e acolher ideias;
– com senso crítico;
– capaz de fazer articulações;
– com uma vida e prática de fé, ou seja, tenha feito a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo e Ele seja o centro de seu ser e agir;
– tenha consciência de ser mediador(a), um “instrumento” nas mãos de Deus (busca ser como Maria entregue nas mãos de Deus);
– acredita e ama sua vocação e as vocações;
– ama a Igreja e o Povo de Deus (amar significa, muitas vezes, ter a coragem de ser crítico/a);
– a PV requer tempo para as atividades, na medida do possível que não seja uma pessoa muito ocupada na comunidade cristã.
Autor: DR
Fonte: http://vocacionaluruacu.com/equipe-vocacional-paroquial/
Fonte: Despertar Franciscano