Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério da Páscoa
Hoje, me proponho a explicar o que acontecerá nas celebrações dos próximos dias. Na Quinta-Feira Santa contemplamos o Cristo servidor. A missa vespertina nas paróquias é o primeiro momento do Tríduo Pascal, com a celebração da Ceia do Senhor. Mas este ano, especialmente, não teremos o rito do Lava-pés.
Na Quinta-Feira Santa se destaca a unidade profunda entre o Sacramento do Altar e o serviço aos irmãos. O apóstolo João, não narrando o gesto da ceia, do pão e do cálice como fazem os sinóticos, explica seu significado no gesto do lava-pés. Com o ato estabelece uma ligação direta e essencial entre o Sacramento da Eucaristia e o Sacramento do amor e serviço aos irmãos.
Todo o celebrativo deste primeiro momento pascal se concentra na caridade, mas uma caridade que se faz serviço. Jesus “amou” e se fez “servo”. Seu serviço passou dos mais humildes gestos cotidianos para o “dom total” da Cruz.
A Paixão do Senhor
O segundo momento do Tríduo Pascal acontece com a celebração da Paixão do Senhor. O centro da liturgia desta celebração está na apresentação e adoração da Cruz, como o lenho do qual pendeu a salvação do mundo.
A cruz como a atitude de radicalidade do amor e do serviço. É justamente o que focaliza a oração de abertura da celebração: “Ó Deus, foi por nós que o Cristo, vosso Filho, derramando o seu sangue institui o mistério da Páscoa. Lembrai-vos sempre de vossas misericórdias, e santificai-nos pela vossa constante proteção”.
A Igreja acompanha os passos de Jesus em sua paixão até sua entrega total na cruz. O Filho de Deus, por amor, oferece livremente a própria vida sendo fiel até as últimas consequências à missão que o Pai lhe confiou.
No momento da Adoração da Santa Cruz, o sacerdote apresenta a Cruz solenemente, entrando pelo corredor central ou pelo próprio altar. Ela deverá estar coberta por um véu vermelho e será descoberta à medida que, por três vezes, o sacerdote anuncia: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”, ao qual o povo responde: “Vinde, adoremos!” Todos se aproximam e beijam a cruz.
Vigília Pascal
A Vigília Pascal, no sábado, é o terceiro momento e encerramento do Tríduo Pascal. Acontece no Sábado Santo e é a mãe de todas as vigílias. Nesta noite santa, a Igreja não celebra apenas a Páscoa de Jesus Cristo, mas também celebra a páscoa dos cristãos, seus membros.
Fundamentalmente, se trata da celebração da vida renovada em Cristo ressuscitado. Tudo fala de vida e de felicidade. As diversas etapas da vigília fazem com que a vida divina penetre a Comunidade celebrante.
A abertura é feita pela celebração da luz, que brota da pedra virgem, simbolizando Jesus Cristo, Luz do mundo. Ela vai dissipando as trevas para iluminar a todos os presentes. Eleva-se, então, o grande louvor à luz no canto do Exultet.
A Liturgia da Palavra torna presente a Palavra criadora de Deus na criação, na formação de um povo, no Cristo ressuscitado, na Igreja hoje, renovando a Aliança de Deus com a humanidade.
Segue a Liturgia sacramental. Nesta noite, ela abrange os três sacramentos da Iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia. Cada sacramento é significado por um símbolo de vida, animado pela ação do Espírito Santo.
A ação de graças sobre a água batismal comemora a ação criadora e libertadora de Deus através da história da Salvação, evocada na celebração da Palavra. O óleo do Crisma, consagrado na Missa da manhã, é usado no sacramento da Confirmação, simbolizando a presença e a ação do Espírito Santo na nova criação, inaugurada na vida da Igreja.
E o ponto alto da celebração é a Eucaristia, ação de graças por excelência, celebração da nova Páscoa de Cristo participada pela Igreja. A vida que nasce no Batismo e é animada pelo Espírito alimenta-se na mesa do Cordeiro pascal. Os cristãos dão testemunho da Morte e Ressurreição do Senhor Jesus e comprometem-se a ser vida, corpo dado e sangue derramado numa vida de ação de graças a Deus e ao próximo. Assim, inaugura-se um novo céu e uma nova terra.
Que todos tenhamos uma santa Semana Santa.
Fonte: Aleteia