Depois dos discursos sobre o tema do Tríduo Pascoal e a Ressurreição, o Papa Francisco retomou na Audiência Geral desta quarta-feira o ciclo das catequeses sobre a oração falando sobre o tema: “Orando em comunhão com os santos”. Pronunciando seu discurso da biblioteca apostólica, o Santo Padre ensinou que os santos rezam a Deus por nós e junto de nós num interminável rio de invocações.
“Quando rezamos, nunca o fazemos sozinhos: mesmo que não pensemos nisso, estamos imersos num rio majestoso de invocações que nos precede e continua depois de nós. Nas orações que encontramos na Bíblia, e que muitas vezes ressoam na liturgia, há um vestígio de histórias antigas, de libertações prodigiosas, de deportações e de tristes exílios, de retornos comoventes, de louvores que fluem diante das maravilhas da criação”.
“Estas vozes são transmitidas de geração em geração, num entrelaçamento contínuo entre a experiência pessoal e a do povo e da humanidade a que pertencemos”, ensinou o Pontífice.
O Papa Francisco explicou ainda que “as orações, as boas, se difundem, como todos os bons, se propagam continuamente, com ou sem mensagens nas “redes sociais”: das enfermarias dos hospitais, dos momentos de encontro festivo, assim como daqueles em que se sofre em silêncio. A dor de cada pessoa é a dor de todos, e a felicidade de um é transferida para a alma de outros. A dor e a felicidade! Uma história que se torna história na própria vida, se revive a história com as próprias palavras, mas a experiência é a mesma”.
“As orações renascem sempre: cada vez que juntamos as mãos e abrimos o coração a Deus, nos encontramos na companhia de santos anônimos e santos reconhecidos que rezam conosco, e que intercedem por nós, como irmãos e irmãs mais velhos que passaram por nossa mesma aventura humana”.
Francisco está convencido: “Os santos ainda estão aqui, não muito longe de nós; e suas representações nas igrejas evocam aquela “nuvem de testemunhas” que sempre nos circunda. São testemunhas que não adoramos – claro, não adoramos estes santos, mas que veneramos e que de mil maneiras diferentes nos remetem a Jesus Cristo, o único Senhor e Mediador entre Deus e o homem”.
O Santo Padre acrescentou que, “não é por acaso que lemos nos Evangelhos que o primeiro santo canonizado foi um ladrão e não canonizado por um Papa, mas por Jesus”.
“A santidade é um percurso de vida, de encontro com Jesus, seja longo ou breve, seja em um instante. Mas é sempre um testemunho, um santo é uma testemunha, de um homem, de uma mulher que encontrou Jesus e que seguiu Jesus. Em Cristo existe uma misteriosa solidariedade entre aqueles que passaram para a outra vida e nós, peregrinos nesta: nossos queridos defuntos, do céu, continuam cuidando de nós. Eles rezam por nós e nós rezamos com eles. E nos rezamos por eles, e rezamos com eles”.
Para o Papa, “este vínculo de oração entre nós e os santos, já o experimentamos aqui, na vida terrena: rezamos uns pelos outros, pedimos e oferecemos orações. A primeira maneira de rezar por alguém é falar com Deus sobre ele ou ela. Se fizermos isso frequentemente, todos os dias, nosso coração não se fecha, permanece aberto aos nossos irmãos e irmãs. Rezar pelos outros é a primeira maneira de amá-los, e isso nos impulsiona à proximidade concreta”.
“A primeira maneira de enfrentar um momento de angústia é pedir aos nossos irmãos e aos santos sobretudo, que rezem por nós. O nome que nos é dado no Batismo não é uma etiqueta ou uma decoração! Geralmente é o nome da Virgem, uma santa ou um santo, que está esperando para “nos dar uma mão” na vida para obter de Deus as graças de que mais precisamos”, concluiu o Papa, recordando que nós “sabemos que aqui na terra existem pessoas santas, homens e mulheres santos que vivem na santidade. Eles não sabem, nós também não sabemos, mas existem os santos, os santos de todos os dias, os santos escondidos ou, como eu gosto de dizer, os “santos da porta ao lado”, aqueles que convivem conosco na vida, que trabalham conosco e levam uma vida de santidade”.
Ao final da sua alocução o Santo Padre dirigiu algumas palavras aos ouvintes de língua portuguesa:
“Dirijo uma cordial saudação aos fiéis de língua portuguesa. Queridos irmãos, alegrai-vos e exultai, porque o Senhor Jesus ressuscitou! Na esteira dos santos, deixai-vos iluminar e transformar pela força da Ressurreição de Cristo, para que as vossas existências se convertam num testemunho da vida que é mais forte do que o pecado e a morte. Deus vos abençoe”.
Fonte: ACI Digital