Na linha de frente para levar ajuda aos moradores de rua durante a pandemia, pároco recebeu até telefonema do Papa Francisco
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” (Mateus 11 28,29)
Nesta semana, o Padre Júlio Lancellotti estampou manchetes nos principais veículos de imprensa do país ao quebrar a marretadas uma sequência de pedras que foi colocada sob um viaduto no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, e que tirou o abrigo de dezenas de famílias carentes que costumavam dormir sob a cobertura.
Para quem acompanha seu perfil no Instagram (onde soma mais de 424 mil seguidores), o ato simbólico do sacerdote de 72 anos, da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, não foi nenhuma surpresa.
Desde o começo da pandemia, Padre Júlio vem se destacando pelos seus esforços humanitários na linha de frente para levar roupas de frio, alimentos e abrigo aos menos favorecidos. Logo no início da pandemia, à frente da Pastoral Povo da Rua – entidade associada ao Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras) –, montou uma tenda para arrecadação e distribuição emergencial de marmitas no Largo São Francisco, no Centro da capital. A ação chegou a alimentar seis mil pessoas diariamente e, até o mês de outubro, havia doado mais de um milhão de refeições.
Telefonema do Papa
Em outubro do ano passado, ciente das ações do pároco frente os moradores de rua de São Paulo, que atualmente somam 25 mil, Papa Francisco telefonou pessoalmente para ele, que já sofreu ao menos duas ameaças de morte. Confira o comunicado oficial, divulgado pelo Padre Júlio pela Arquidiocese de São Paulo:
“Neste sábado, 10 de outubro, às 14h15, recebi o telefonema de sua santidade o Papa Francisco que falou comigo com toda simplicidade e proximidade, perguntando sobre a população de rua, como é nossa convivência com os irmãos de rua, quais as dificuldades que sentimos. O Papa disse que viu as fotos que enviamos para ele e que sabe das dificuldades que passamos, mas que não desanimemos e façamos sempre como Jesus, estando junto dos mais pobres. Pediu para transmitir a todos os moradores de rua o seu amor e proximidade e que todos rezem por ele. Ele reza por todos nós também.”
Padre da Missa diária
Formado em pedagogia e teologia, Padre Júlio Lancellotti passou os primeiros anos da vida adulta atuando como professor universitário e do ensino médio. Depois de receber a ordenação diaconal em 1984 e a ordenação presbiterial em 1985, tornou-se responsável pelas missas diárias em sua paróquia e pela missa do dia 28 de cada mês na capela da Universidade São Judas Tadeu, atividades que até os dias de hoje concilia com seu trabalho social.
Segundo ele, a paróquia de São Miguel Arcanjo tem a característica de manter as portas abertas para as comunidades carentes do seu entorno. “Pequenina que é, desde seu nascedouro, pois os católicos da Mooca e Belenzinho sempre souberam acolher os mais pobres com amor e carinho, nenhuma grade jamais existiu nesta capela e igreja para impedir de receber qualquer ser humano”, escreveu Padre Júlio Lancellotti, que segue incansável em sua luta para diminuir as injustiças e ajudar quem mais precisa.
Fonte: Aleteia