O papa Francisco enviou hoje (30) uma mensagem de apoio ao lançamento do Family Global Compact (Pacto Mundial da Família), para que as universidades católicas promovam uma “melhor cultura da família e da vida” no mundo.
“Não podemos ficar indiferentes ao futuro da família, comunidade de vida e de amor, aliança insubstituível e indissolúvel entre homem e mulher, lugar de encontro entre as gerações, esperança da sociedade”, disse o papa.
“A família tem efeitos positivos sobre todos, enquanto geradora de bem comum: as boas relações familiares constituem uma riqueza insubstituível não só para os cônjuges e os filhos, mas também para toda a comunidade eclesial e civil”, disse.
Francisco manifestou o seu desejo de “apoiar o Family Global Compact, um programa compartilhado de ações visando pôr em diálogo a pastoral familiar com os centros de estudo e pesquisa sobre a família presentes nas universidades católicas de todo o mundo”.
Assim escreveu o papa Francisco na mensagem de lançamento da iniciativa do dicastério para os Leigos, a Família e a Vida junto com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
Promover uma melhor cultura da família e da vida
Em sua mensagem, o papa Francisco disse que “o objetivo é a sinergia, para garantir que o trabalho pastoral com as famílias nas Igrejas particulares possa se beneficiar mais efetivamente dos resultados da pesquisa e do esforço didático e formativo que é realizado nas universidades”.
Francisco convidou as universidades católicas e a pastoral a promoverem juntas “uma cultura da família e da vida que, a partir da realidade, ajude as novas gerações – neste tempo de incertezas e de falta da esperança – a valorizar o matrimônio, a vida familiar com os seus recursos e desafios, a beleza de gerar e proteger a vida humana”.
“É necessário um esforço mais responsável”, continuou, “que consiste em apresentar as motivações da opção pelo matrimônio e pela família, para que as pessoas estejam mais dispostas a responder à graça que Deus lhes oferece”.
“Dos estudos feitos, sobressai um contexto de crise das relações familiares, alimentado tanto por dificuldades contingentes como por obstáculos estruturais, o que torna mais difícil formar serenamente uma família na falta de apoios adequados por parte da sociedade”, acrescentou.
Muitos jovens descartam o casamento
Em sua mensagem, o papa Francisco também recordou que “muitos jovens descartam a opção do matrimônio em favor de formas de relações afetivas mais instáveis e informais. Mas as pesquisas evidenciam também que a família continua sendo a fonte prioritária da vida social”.
Por isso, o papa disse que “as próprias famílias podem e devem ser testemunhas e protagonistas deste itinerário”. Até o momento, cerca de 373 universidades e centros de pesquisa estão envolvidos na iniciativa.
Os quatro passos do caminho
O Family Global Compact “não pretende ser um programa estático, cujo objetivo é cristalizar algumas ideias, mas um caminho”, escreveu o papa Francisco, detalhando que o pacto está articulado em torno de quatro etapas.
Em primeiro lugar, “ativar um processo de diálogo e maior colaboração entre os centros universitários de estudo e pesquisa que lidam com temáticas familiares”. Em segundo, “criar maior sinergia, em termos de conteúdo e objetivos, entre as comunidades cristãs e as universidades católicas”.
Em seguida, “promover a cultura da família e da vida na sociedade, para que surjam propostas e objetivos úteis às políticas públicas”, bem como “harmonizar e apoiar, uma vez identificadas, as propostas apresentadas, para que o serviço à família seja enriquecido e sustentado em seus aspectos espiritual, pastoral, cultural, jurídico, político, econômico e social”.
O papa Francisco destacou que “grande parte dos sonhos de Deus acerca da comunidade humana realizam-se na família. Por isso, não podemos resignar-nos com o seu declínio em nome da incerteza, do individualismo e do consumismo, que anteveem um futuro de indivíduos isolados que pensam em si mesmos”.
Francisco agradeceu “a todos os que aderiram e aos que aderirão ao Pacto Global da Família”. Ele os convidou “a se dedicar com criatividade e confiança a tudo o que possa ajudar a colocar a família no centro de nosso compromisso pastoral e social”.
Hoje à tarde, dia do lançamento do Pacto, o dicastério para os Leigos, a Família e a Vida faz um webinar com os chefes de mais de 40 Centros e Institutos da Família em todo o mundo para iniciar o trabalho prático de coordenação e implementação do Pacto Global da Família.
A partir de hoje, um novo site também está disponível: www.familyglobalcompact.org dedicado ao Pacto, onde o texto completo do Pacto pode ser encontrado em italiano, inglês e espanhol.
Gabriella Gambino: A importância dos estudos sobre a família
A subsecretária do dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Gabriella Gambino, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que “é muito importante começar com estudos e incentivar pesquisas baseadas na realidade atual das famílias para entender quais são seus pontos fortes”.
Após uma coletiva de imprensa no Vaticano, Gambino, casada e mãe de cinco filhos, disse que é essencial estudar, “por exemplo, a estabilidade das relações familiares, o valor do matrimônio como um vínculo, a generatividade e a capacidade de ser mãe e pai hoje”. E assim, “esses temas nos ajudam a poder anunciá-los aos jovens de maneira mais eficaz e a sermos incisivos na cultura”.
A subsecretária do dicastério para os Leigos, a Família e a Vida também disse à ACI Prensa que “sim, há muita dificuldade para que os jovens entendam a importância e o valor do matrimônio como um sacramento e também como um vínculo jurídico”.
Portanto, disse Gambino, “é necessário trabalhar juntos, Igreja e universidades, e também nos alinharmos com o trabalho que estamos fazendo como Igreja, com os itinerários catecumenais para a vida matrimonial, porque esse também é um caminho que a Igreja ensinou para anunciar de maneira mais eficaz a beleza da família às novas gerações e aos nossos filhos”.
Fonte: ACI Digital