Papa Francisco descarta ordenação de mulheres em entrevista a revista jesuíta

Papa Francisco. Créditos: Pixabay

O papa Francisco disse que as mulheres não podem ser ordenadas sacerdotes, mas que têm um papel muito mais importante na Igreja em entrevista publicada pela revista America Magazine, dos jesuítas americanos, ontem (29).

O papa também é jesuíta e costuma usar encontros e publicações da ordem, como Civiltá Cattolica ou a ultraprogressista America, para dar uma espécie de interpretação extraoficial de seu pontificado. Ao responder sobre o que diria a uma mulher que “sente dor” porque não pode ser sacerdote, o papa Francisco disse: “Por que uma mulher não pode entrar nos ministérios, na ordenação? Porque o princípio petrino não previa isso”.

“Que a mulher não entre na vida ministerial não é uma privação, não. O lugar dela é aquele que é muito mais importante e isso é o que nós não desenvolvemos ainda, a catequese sobre a mulher na linha do princípio mariano”.

A entrevista foi conduzida por cinco entrevistadores: os padres jesuítas Matt Malone e Sam Sawyer; a editora-executiva da revista, Kerry Webber; o correspondente da America no Vaticano, Gerard O’Connell, e Gloria Purvis, radialista que tem um podcast na revista America.

Na conversa com America Magazine o papa Francisco também falou sobre o aborto. O papa disse que “em qualquer livro de embriologia diz-se que um pouco antes do mês de concepção os órgãos do pequeno feto e o DNA já estão delineados. Antes mesmo que a mãe se dê conta disso”.

O embrião, “portanto, é um ser humano vivo. Eu não digo uma pessoa, porque se discute sobre isso, mas um ser humano”, disse o papa, que fez duas perguntas: “é justo eliminar um ser humano para resolver um problema? Segunda pergunta: é justo contratar um pistoleiro para resolver um problema?”

Na entrevista em que as perguntas parecem ter como objetivo obter do papa uma crítica ao episcopado dos EUA por considerar que o aborto é uma questão “preeminente”, Francisco disse que “o problema é quando esta realidade de matar um ser humano se torna um problema político. Ou quando um pastor da igreja entra em uma categorização política”.

“Sempre que um problema perde a pastoralidade esse problema se torna um problema político. E se torna mais político do que pastoral. Em outras palavras, que ninguém se aproprie desta verdade que é universal”, disse o papa.

“Quando vejo que um problema como este, que é um crime, adquire uma forte intensidade política, digo, há uma falta de cuidado pastoral na forma como abordamos este problema”.

“Neste problema do aborto como em outros problemas, não devemos perder de vista o cuidado pastoral: um bispo é um pastor, uma diocese é o povo santo e fiel de Deus com seu pastor. Não podemos tratá-lo como se fosse uma questão civil”, disse o papa.

Na entrevista à America Magazine, o papa Francisco também respondeu sobre a acusação de alguns de que ele é comunista ou marxista

 “Eu sempre me pergunto de onde vem a qualificação? Por exemplo, quando voltávamos da Irlanda no avião, explodiu uma carta de um hierarca americano, que me dizia de todas as cores. Eu busco seguir o Evangelho”, responde o papa.

“Iluminam-me muito as bem-aventuranças, mas sobretudo o protocolo sobre o qual seremos julgados: Mateus 25. Tive sede e me destes de beber, estive preso e me visitastes, estive doente e cuidastes de mim. Jesus então era comunista? O problema que está por detrás disto é o reducionismo sociopolítico da mensagem evangélica”, continua Francisco.

“E se eu vejo o Evangelho, só de forma sociológica, e, sim, eu sou comunista e Jesus também. Atrás dessas bem-aventuranças e de Mateus 25 tem uma mensagem que é própria de Jesus. E isto é ser cristão. Os comunistas roubaram de nós alguns valores cristãos (risadas). Alguns outros, é um desastre o que estão fazendo”, conclui.

Fonte: ACI Digital

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