O Santo Padre recebeu em audiência na manhã deste sábado (05/05) os participantes da Convenção “Reparar o Irreparável” por ocasião do 350º aniversário das aparições de Jesus a Santa Margarida Maria.
“A reparação é totalmente manifestada no sacrifício da cruz. A novidade aqui é que ele revela a misericórdia do Senhor para com o pecador”: foi o que disse o Papa Francisco recebendo em audiência na manhã deste sábado (05/05) os participantes da Convenção “Reparar o Irreparável” por ocasião do 350º aniversário das aparições de Jesus a Santa Margarida Maria.
A reparação – disse o Papa – é um conceito que encontramos com frequência nas Escrituras Sagradas. No Antigo Testamento, ela assume uma dimensão social de compensação pelo mal cometido. Esse é o caso da lei mosaica, que previa a restituição do que havia sido roubado ou a reparação do dano causado. Tratava-se – continuou Francisco – de um ato de justiça que visava a salvaguardar a vida social.
No Novo Testamento, entretanto, ela assume a forma de um processo espiritual, dentro da estrutura da redenção realizada por Cristo. A reparação é totalmente manifestada no sacrifício da cruz.
“A novidade aqui é que ele revela a misericórdia do Senhor para com o pecador. Assim, a reparação contribui para a reconciliação dos homens entre si, mas também para a reconciliação com Deus, pois o mal cometido contra o próximo é também uma ofensa a Deus. Como diz Ben Sirac, o Sábio, “as lágrimas da viúva não escorrem pela face de Deus?”.
“Caros amigos, quantas lágrimas ainda escorrem pela face de Deus, enquanto nosso mundo experimenta tantos abusos contra a dignidade da pessoa, mesmo dentro do Povo de Deus!”
Francisco recordou em seguida que o título da sua conferência reúne duas expressões opostas: “Reparar o irreparável”. Dessa forma, nos convida a esperar que toda ferida possa ser curada, mesmo que seja profunda.
A reparação completa às vezes parece impossível, quando bens ou entes queridos são perdidos permanentemente ou quando certas situações se tornam irreversíveis. Mas a intenção de reparar e de fazê-lo de forma concreta é essencial para o processo de reconciliação e para o retorno da paz ao coração.
O Papa Francisco em seguida afirmou que a reparação, para ser cristã, para tocar o coração da pessoa ofendida e não ser um mero ato de justiça comutativa, pressupõe duas atitudes desafiadoras: reconhecer a própria culpa e pedir perdão.
Reconhecer a culpa. Qualquer reparação, humana ou espiritual, começa com o reconhecimento do próprio pecado. “Acusar a si mesmo faz parte da sabedoria cristã, isso agrada ao Senhor, porque o Senhor acolhe o coração contrito”.
“É a partir desse reconhecimento honesto do mal causado ao irmão e do sentimento profundo e sincero de que o amor foi ferido que nasce o desejo de reparar”.
Depois pedir perdão. É a confissão do mal cometido, seguindo o exemplo do filho pródigo que diz ao Pai: “Pequei contra o céu e contra ti”.
“O pedido de perdão reabre o diálogo e manifesta a vontade de restabelecer o vínculo na caridade fraterna. E a reparação – mesmo que seja um início de reparação ou já simplesmente a vontade de reparar – garante a autenticidade do pedido de perdão, manifesta sua profundidade, sua sinceridade, toca o coração do irmão, consola-o e suscita nele a aceitação do perdão solicitado. Assim, se o irreparável não pode ser completamente reparado, o amor sempre pode renascer, tornando a ferida suportável”.
Francisco acrescentou que Jesus pediu a Santa Margarida Maria atos de reparação pelas ofensas causadas pelos pecados dos homens. Se esses atos consolaram o seu coração, isso significa que a reparação também pode consolar o coração de cada pessoa ferida.
O Papa disse ainda que reza para que o seu Jubileu do Sagrado Coração desperte em tantos peregrinos um amor maior de gratidão a Jesus, uma afeição maior; e que o santuário de Paray-le-Monial seja sempre um lugar de consolação e misericórdia para cada pessoa em busca de paz interior.
No final da audiência, Francisco recitou com os presentes, em espanhol, a oração pelo Jubileu das aparições do Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque em Paray-le-Monial, que dura um ano e meio, de 27 de dezembro do ano passado, aniversário da primeira aparição principal, a 27 de junho de 2025, solenidade do Sagrado Coração.
Fonte: Vatican News