Papa: não tenham medo de responder às necessidades dos pobres nas escolas

Papa Francisco. Créditos: Pixabay

Um encorajamento para seguir “a mesma abertura e prontidão, sem calcular demais, superando medos e hesitações, especialmente diante das muitas novas pobrezas dos nossos dias”, como fazia o espanhol José de Calasanz, disse Francisco a uma delegação da Família Calasancia, no Vaticano. Em audiência, o Papa enalteceu a importância das três inteligências (da mente, do coração e das mãos), além do “estilo educativo integral” disseminado pelo padroeiro das escolas populares, “o estilo de Jesus”.

O Papa Francisco se uniu às comemorações dos 75 anos da Família Calasancia ao receber em audiência nesta quinta-feira (28/11) um grupo de 75 religiosos na Sala do Consistório, no Vaticano. Em discurso, o Pontífice recordou também do centenário da morte de dois fundadores, São Faustino Míguez e a Beata Celestina Donati, mas se deteu em enaltecer o carisma de São José de Calasanz (1556-1648), que dedicou “a vida à educação dos jovens, especialmente dos pequenos e dos pobres”, tornando-se padroeiro universal de todas as escolas populares cristãs.

A missão do “anjo da guarda”, como ele gostava de se definir, disse o Papa, acabou sendo difundida por quatro continentes. Em audiência, Francisco destacou dois aspectos importantes do “estilo educativo integral” disseminado pelo espanhol Calasanz, “o estilo de Jesus” mas também o “estilo da Igreja”, ou seja: “a corajosa docilidade à Providência” e o segundo aspecto, “o cuidado com o crescimento integral da pessoa“. 

Responder às novas pobrezas da atualidade

Sobre o primeiro aspecto, o Papa buscou a história de vida de Calasanz e a criação das Escolas Pías para valorizar a importância de “se dedicar às crianças de rua que se encontram pela cidade”. O próprio fundador, que era de família rica e “provavelmente destinado a uma carreira eclesiástica – eu não gosto desse termo, precisamos acabar com ele”, em Roma não hesitou em se munir da “coragem de um bom padre que se deixou envolver pelas necessidades do próximo”:

“Isso é muito bonito, e eu gostaria de convidá-los também a manter, nas escolhas de vocês, a mesma abertura e a mesma prontidão, sem calcular demais, superando medos e hesitações, especialmente diante das muitas novas pobrezas dos nossos dias. As novas pobrezas… e seria bom se hoje ou amanhã, um dia desses, na reunião de vocês, procurassem descrever as novas pobrezas, quais são as novas pobrezas. Não tenham medo de se aventurar para responder às necessidades dos pobres.”

A educação integral com as três inteligências

Assim, reiterou o Papa, vocês permanecem fiéis ao carisma do fundador, cuidando do segundo aspecto, do crescimento integral da pessoa. Calasanz primava por ensinar os jovens pobres “a verdade da fé” com as “matérias da educação geral, integrando a formação espiritual e intelectual para preparar adultos maduros e capazes”. Uma “escolha profética naquela época”, considerou Francisco, e “totalmente válida até hoje”. Isto é, o uso das “três inteligências”: a da mente, a do coração e a das mãos.

“As três inteligências. Hoje é muito urgente ajudar os jovens a fazer esse tipo de síntese, a unidade harmônica das três inteligências, a ‘fazer a unidade’ em si mesmo e com os outros, em um mundo que os empurra cada vez mais na direção da fragmentação dos sentimentos e  das cognições e do individualismo nos relacionamentos.”

Um estilo educacional integral para ser usado da “melhor forma possível para o bem de todos”, insistiu o Papa. Por isso da importância de se promover “relacionamentos normais”, descreveu ainda o Pontífice, “olhando nos olhos uns dos outros”, e não através de “relações virtuais via celular”. O que fez Francisco lembrar de uma situação, que acabou compartilhando em discurso aos membros da Família Calasancia:

“Um bispo me contou que seus primos o convidaram para almoçar em um restaurante em um domingo, e na mesa ao lado havia uma família: pai, mãe, filho e filha, todos os quatro com celulares, sem falar uns com os outros. O bispo, muito imprudente, levantou-se, aproximou-se deles e disse: ‘mas, vejam, vocês são uma bela família, mas por que estão falando ao celular, por que não conversam entre si, o que é muito mais bonito?’ Eles o ouviram, ‘mandaram-no embora’ e continuaram fazendo a mesma coisa. Isso é terrível, uma falta de humanidade. As três inteligências. E é importante que os jovens criem essa unidade em si mesmos, com os outros e com o mundo.”

Fonte: Vatican News

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