O Papa Francisco explicou hoje como discernir se um sentimento é inspirado pelo espírito bom ou pelo diabo
OPapa Francisco afirmou hoje que o diabo oferece “prazeres aparentes” àqueles que “passam de um pecado mortal para outro”; isso para “tranquilizá-los de que tudo está bem, levando-os a imaginar delícias e prazeres sensuais, para melhor os manter e fazê-los crescer nos seus vícios e pecados”.
De fato, em sua catequese semanal com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa falou sobre o tema do discernimento.
Discernimento não é como tirar a sorte
Nesse sentido, o Papa explicou que há uma história que precede quem discerne, uma história que é indispensável conhecer, pois “o discernimento não é uma espécie de oráculo ou de fatalismo, nem uma coisa de laboratório, como tirar a sorte sobre duas possibilidades”.
As grandes interrogações surgem quando, na vida, já percorremos um trecho do caminho, e é àquele percurso que devemos regressar para compreender o que procuramos. Se na vida se percorre um pouco do caminho, assim: ‘Mas por que vou nesta direção, o que procuro?, e ali faz-se o discernimento.
Em seguida, o Papa disse que, quando se encontrava ferido na casa paterna, Inácio de Loyola não pensava de modo algum em Deus, nem em como reformar a sua vida, não.
Ele faz a sua primeira experiência de Deus, ouvindo o próprio coração, que lhe mostra uma inversão curiosa: as coisas à primeira vista atraentes deixam-no desiludido, e noutras, menos brilhantes, sente uma paz que perdura no tempo.
Desilusão versus alegria
Também nós vivemos esta experiência – prosseguiu o Papa –, “muitas vezes começamos a pensar em algo e ficamos ali, e depois sentimo-nos desiludidos. Ao contrário, fazemos uma obra de caridade, fazemos algo bom e sentimos um pouco de felicidade, vem-te um bom pensamento, vem-te a felicidade, um pouco de alegria, é uma experiência totalmente nossa”.
Ele, Inácio, vive a sua primeira experiência de Deus, ouvindo o próprio coração, que lhe mostra uma curiosa inversão. É isto que devemos aprender: ouvir o próprio coração para saber o que acontece, que decisão tomar, formular um juízo sobre uma situação, é preciso ouvir o próprio coração. Ouvimos a televisão, a rádio, o telemóvel, somos mestres da escuta, mas pergunto-te: sabes ouvir o teu coração? Paras para dizer: “Mas como está o meu coração? Está satisfeito, está triste, está à procura de algo?”. Para tomar boas decisões, é preciso ouvir o próprio coração.
Segundo o Papa Francisco, é por isso que Inácio sugerirá a leitura da vida dos santos, “pois eles mostram de modo narrativo e compreensível o estilo de Deus na vida das pessoas não muito diferentes de nós, porque os santos eram de carne e osso, como nós. As suas ações falam com as nossas, ajudando-nos a compreender o seu significado”.
Como Deus trabalha em nós
Em seguida, o Papa explicou que há “uma casualidade aparente nos acontecimentos da vida”.
Escutai bem: Deus trabalha através de eventos não programáveis por acaso, mas isto aconteceu comigo por acaso, por acaso conheci esta pessoa, por acaso vi este filme, não foi programado, mas Deus trabalha através de eventos não programáveis, e também nos contratempos: ‘Mas eu devia ir dar um passeio e tive um problema nos pés, não posso…. Contratempo: o que te diz Deus? O que te diz a vida ali?
Conselho importante do Papa
Nesse sentido, Francisco deu ao peregrinos “um conselho”: “prestai atenção às coisas inesperadas”.
Quem diz: “Mas eu não esperava isto por acaso”. Ali é a vida que te fala, é o Senhor que te fala ou é o diabo que te fala? Alguém. Mas há algo para discernir, como reajo perante as coisas inesperadas. Mas eu estava tão tranquilo em casa e “toque-toque” vem a sogra, e come reages à sogra? É amor ou é algo dentro? E fazes o discernimento. Enquanto eu trabalhava bem no escritório, um colega vem dizer-me que precisa de dinheiro, e como reagiste? Ver algo acontecer, quando vivemos algo que não esperamos, e ali aprendemos a conhecer como o nosso coração se move.
Sinais de Deus
De fato, o Papa encerrou sua catequese explicando que o discernimento “é a ajuda para reconhecer os sinais com que o Senhor se deixa encontrar nas situações inesperadas, até desagradáveis, como foi para Inácio a ferida na perna”.
Das situações inesperadas “pode nascer um encontro que muda a vida para sempre, como no caso de Inácio. Pode nascer algo que te faz melhorar ou piorar no caminho, não sei, mas permanecer atento e o fio condutor mais bonito é dado pelas coisas inesperadas: ‘Como me comporto diante disto?’. O Senhor nos ajude a sentir o nosso coração e a ver quando é Ele que age e quando não é Ele mas outras coisa”.
Fonte: Aleteia