Papa: o sucesso mundano é fracasso, pois se baseia no egoísmo

Imagem Ilustrativa. Créditos: Instagram

O discípulo de Jesus não encontra sua alegria no dinheiro, no poder ou em outros bens materiais, mas em algo diferente

OPapa Francisco comentou no Angelus deste domingo as bem-aventuranças. Segundo o Papa, a primeira bem-aventurança é a base de todas as outras.

“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. Ou seja, Jesus diz que seus discípulos “são bem-aventurados e pobres; que são bem-aventurados porque são pobres”. Mas em que sentido?

“No sentido de que o discípulo de Jesus não encontra a sua alegria no dinheiro, no poder ou em outros bens materiais, mas nos dons que recebe de Deus todos os dias: a vida, a criação, os irmãos e as irmãs, e assim por diante: são dons da vida”, disse Francisco.

A lógica de Deus

Segundo o Papa, mesmo os bens que o discípulo de Jesus possui, ele se sente- feliz em partilhá-los, porque vive na lógica de Deus: a gratuidade.

O discípulo aprendeu a viver na gratuidade. Esta pobreza é também uma atitude em relação ao sentido da vida, porque o discípulo de Jesus não pensa que o possui, que já sabe tudo, mas sabe que deve aprender todos os dias. E essa é uma pobreza: a consciência de ter que aprender a cada dia (…). Por isso é uma pessoa humilde, aberta, livre de preconceitos e rigidez.

Apego

Recordando o Evangelho do domingo passado, em que Pedro aceita o convite de Jesus para lançar as redes em uma hora inusitada, e admirado com a prodigiosa pesca, deixa tudo para seguir o Senhor, o Papa comentou:

Pedro mostra-se dócil deixando tudo, tornando-se assim discípulo. Por outro lado, quem é muito apegado às próprias ideias e às próprias seguranças, dificilmente segue realmente Jesus. Segue-o um pouco – somente nas coisas com as quais eu concordo e que Ele está de acordo comigo – nas outras não. E este não é um discípulo. E assim cai na tristeza.

Fica triste porque as contas não fecham, porque a realidade escapa aos seus esquemas mentais e ele se vê insatisfeito. O discípulo, por outro lado, sabe questionar-se, sabe buscar humildemente a Deus todos os dias, e isso lhe permite mergulhar na realidade, apreendendo dela a riqueza e a complexidade.

Riqueza, pensamento mundano

O Papa Francisco explicou que o discípulo de Jesus “aceita o paradoxo das Bem-aventuranças”. Elas declaram que é bem-aventurado, isto é, feliz, “quem é pobre, quem carece de tantas coisas e reconhece isso”.

Humanamente, somos levados a pensar de outra forma: é feliz quem é rico, quem é saciado de bens, quem recebe aplausos e é invejado por muitos, quem tem todas as seguranças. E este é um pensamento mundano, não é pensamento das Bem-aventuranças. Jesus, ao contrário, declara um fracasso o sucesso mundano, pois se baseia em um egoísmo que infla e depois deixa o vazio no coração.

Assim – prosseguiu o Papa –, perante o paradoxo das Bem-aventuranças, “o discípulo deixa-se pôr em crise, consciente de que não é Deus quem deve entrar nas nossas lógicas, mas nós nas suas”.

E isso requer um caminho, às vezes cansativo, mas sempre acompanhado pela alegria. Porque o discípulo de Jesus é alegre com a alegria que lhe vem de Jesus. Porque, recordemo-nos, a primeira palavra que Jesus diz é: bem-aventurados. Disto o nome das Bem-aventuranças. Este é o sinônimo de ser discípulo de Jesus.

O Senhor, libertando-nos da escravidão do egocentrismo, desfaz nossos fechamentos, dissipando a nossa dureza, e nos revela a verdadeira felicidade, que muitas vezes se encontra onde nós não pensamos. É Ele a guiar a nossa vida, não nós, com os nossos preconceitos ou com as nossas exigências. O discípulo, por fim, é aquele que se deixa guiar por Jesus, que abre o coração a Jesus, escuta-O e segue o caminho.

Fonte: Aleteia

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