Pelo paradoxo da cruz, Jesus abraçou nossa morte, disse papa Francisco

Papa Francisco. Créditos: Pixabay

Na Solenidade de Cristo Rei, o papa Francisco disse que Jesus, por meio de sua morte na cruz, abriu os braços para abraçar todas as pessoas e tudo sobre elas, incluindo sua morte, dor e fraqueza.

“Somente entrando no abraço [de Cristo] percebemos que Deus foi até este extremo, até o paradoxo da cruz, para abraçar tudo sobre nós, até o que estava mais distante dele: nossa morte – ele abraçou nossa morte – nossa dor, nossa pobreza, nossa fraqueza e nossas fragilidades. Ele abraçou tudo isso”, disse o papa em 20 de novembro na Catedral de Asti, no norte da Itália.

O papa esteve na província italiana de Asti de 19 a 20 de novembro.

O pai do papa, Mario José Bergoglio, viveu na Diocese de Asti antes de migrar para a Argentina em 1929. Os avós maternos do papa também imigraram do norte da Itália para a Argentina.

Em sua homilia para o último domingo do ano litúrgico, o Francisco disse que queria, na terra de suas próprias raízes, refletir sobre “as raízes de nossa fé”.

“Essas raízes estão plantadas na terra estéril do Calvário, onde Jesus, como a semente que cai na terra e morre, fez brotar a esperança”, afirmou.

O papa exortou os católicos a se perguntarem: “Este Rei do Universo também é o rei da minha vida? Eu acredito nele? Como posso celebrá-lo como o Senhor de toda a criação? A não ser que ele também se torne o Senhor da minha vida”.

Hoje, Jesus, nosso rei, olha para nós da cruz, disse o papa. “Cabe a nós escolher se seremos espectadores ou envolvidos.”

“Vemos as crises do tempo presente, o declínio da fé, a falta de participação… O que devemos fazer? Contentamo-nos em teorizar e criticar, ou arregaçamos as mangas, tomamos a vida sob controle e passamos do ‘se’ das desculpas ao ‘sim’ da oração e do serviço?”

O papa disse: “Todos nós pensamos que sabemos o que há de errado com a sociedade, todos nós. Falamos todos os dias sobre o que está errado com o mundo e até com a Igreja – muitas coisas estão erradas com a Igreja. Mas então o que fazemos? Sujamos nossas mãos como nosso Deus pregado na cruz? Ou ficamos com as mãos nos bolsos, como meros espectadores?”

Francisco viajou para a região norte do Piemonte para comemorar o 90º aniversário de sua prima em segundo grau, Carla Rabezzana.

No sábado, além de almoçar na casa de um primo em Portocomaro, ele parou em uma igreja e visitou uma casa de repouso e residência para idosos.

O papa passou a noite em Asti, onde celebrou a missa na catedral e almoçou com o bispo Marco Prastaro, antes de voltar para o Vaticano de helicóptero na tarde de domingo.

Cristo tornou-se escravo “para que cada um de nós se tornasse filho”, disse Francisco na missa de 20 de novembro. “Ele se deixou insultar e ridicularizar, para que, sempre que formos rebaixados, nunca nos sintamos sozinhos. Deixou-se despojar de suas vestes, para que ninguém jamais se sentisse despojado de sua legítima dignidade. Ele subiu à cruz, para que Deus estivesse presente em cada homem ou mulher crucificado ao longo da história”.

“Hoje, como Jesus, nu na cruz, desvenda Deus e destrói toda imagem falsa de sua realeza, olhemos para Ele e assim encontremos a coragem de olhar para nós mesmos, de seguir o caminho da confiança confiante e da intercessão, e fazer de nós mesmos servos, a fim de reinar com ele”, disse ele.

No final da missa, o papa dirigiu algumas palavras aos adolescentes e jovens para a celebração diocesana da Jornada Mundial da Juventude antes de rezar o Ângelus.

O tema da Jornada Mundial da Juventude local deste ano, disse ele, é o mesmo do encontro global, que acontecerá em Lisboa, Portugal, em agosto de 2023: “Maria levantou-se e foi depressa”.

O papa Francisco disse que gosta de pensar que a Virgem Maria vai “com pressa” visitar sua prima Isabel e, às vezes, quando pede sua intercessão em oração, pede a Nossa Senhora “que se apresse e resolva este problema”.

A pressa de Maria, disse o Papa, nos encoraja a não desperdiçar nossas vidas “perseguindo o conforto ou as últimas modas, mas almejando as alturas”.

“Hoje precisamos de jovens verdadeiramente ‘transgressivos’, inconformistas”, exortou, “que não sejam escravos de seus celulares, mas que mudem o mundo como Maria, levando Jesus aos outros, cuidando dos outros, construindo comunidades fraternas com os outros, realizando sonhos de paz”.

Fonte: ACI Digital

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