Excesso de trabalho, tarefas domésticas e responsabilidade com os filhos aumentam casos de insônia, ansiedade e depressão
No filme Feitiço do Tempo (1993), o personagem de Bill Murray é um meteorologista que vai até uma cidade rural acompanhar um evento popular conhecido como “Dia da Marmota”, porém ele fica preso em uma espécie de túnel tempo e revive cada dia que é exatamente como o anterior até que consiga rever suas atitudes. É mais ou menos como nos sentimos na pandemia, em um eterno “Dia da Marmota”.
Uma pesquisa recente feita pelo Ministério da Saúde no Brasil em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indicou que 30,7% dos mais de dois mil entrevistados apresentaram sinais de cansaço e indisposição: os especialistas falam em uma epidemia da exaustão.
Estamos estafados pela falta de lazer, essencial para fazer aquela “faxina no HD”, pelas restrições, pelo excesso de trabalho geralmente em frente ao computador, pelo acúmulo das tarefas domésticas, pela responsabilidade de cuidar e tutoriar os filhos o tempo todo. E a falta de de contato com as pessoas, o cenário de mortes e a incerteza do amanhã, a impossibilidade de fazer planos, adiciona uma grande dose de ansiedade a essa rotina.
O excesso de horas em frente ao computador afeta a produção de cortisona, o hormônio do estresse, pois a luz do aparelho faz o corpo entender que ainda é dia, independentemente do horário. E quanto mais você fica sentado em frente ao computador, mais seus olhos e sua mente ficarão cansados, enquanto seu corpo, sem se exercitar, permanecerá disposto, o que gera insônia. E alterações do sono estão diretamente ligadas a casos de ansiedade e depressão.
Entre outros fatores, uma alimentação menos balanceada, o que tem se tornado comum para muitos brasileiros, influencia diretamente, também, nos estados de humor, assim como a ausência de vitamina D pela falta de Sol. O sedentarismo, resultante das restrições a academias e parques, também pode trazer mal-estar.
Especialistas apontam que esse tempo de pandemia já viu uma progressão de três tipos de transtornos mentais. Na primeira fase da pandemia, multiplicaram-se as queixas de insônia. Em uma segunda, tornaram-se mais comuns casos de ansiedade, que saltaram de 8,7% para 14,9%, segundo um estudo realizado pela Universidade do Rio de Janeiro (UERG). Agoras vemos uma alta nos casos de depressão, que foram de 4,2% da população para 8% com a pandemia.
Para reverter esse quadro, recomendam-se alguns cuidados básicos como manter uma rotina regrada, acordar sempre no mesmo horário, procurar manter uma alimentação saudável, exercitar-se e tomar sol regularmente. Caso ainda assim se mantiverem sintomas de ansiedade e depressão, talvez o mais indicado seja consultar um médico ou buscar uma terapia on-line.
Precisamos nos cuidar.
Fonte: Aleteia