O papa Francisco proclamou santo Irineu de Lyon Doutor da Igreja universal, informou a sala de imprensa da Santa Sé nesta sexta-feira, 21 de janeiro.
“Santo Irineu de Lyon, vindo do Oriente, exerceu seu ministério episcopal no Ocidente: foi uma ponte espiritual e teológica entre os cristãos orientais e ocidentais”, afirma o decreto do papa.
O decreto diz que “seu nome, Irineu, expressa essa paz que vem do Senhor e que reconcilia, reintegrando na unidade”. Irineu vem de eirenaíos, que significa “pacífico” em grego. “Por estes motivos, depois de ter recebido o consentimento da Congregação para as Causas dos Santos, com minha Autoridade Apostólica, declaro-o Doutor da Igreja com o título de Doctor unitatis” (Doutor da unidade).
“Que a doutrina de tão grande mestre possa encorajar cada vez mais o caminho de todos os discípulos do Senhor rumo à plena comunhão”, conclui o decreto.
“Doutor da Igreja” é um título que a Igreja Católica, através do papa ou de um concílio ecumênico, concede oficialmente a alguns santos, reconhecendo-os como eminentes mestres da fé para os fiéis católicos de todos os tempos.
Santo Irineu é o segundo Doutor da Igreja proclamado por Francisco. O primeiro foi são Gregório de Narek, em 2015.
O papa anunciou sua intenção de proclamar santo Irineu de Lyon como doutor da Igreja em outubro; e ontem, através de um comunicado, concretizou a decisão que finalmente foi anunciada hoje.
O papa Francisco recebeu a proposta da Congregação para as Causas dos Santos durante a audiência concedida ontem ao prefeito, cardeal Marcello Semeraro
Santo Irineu nasceu no ano 125 na Ásia Menor, provavelmente em Esmirna, atual Turquia.
De sólida formação acadêmica e religiosa, tinha amplo conhecimento das Sagradas Escrituras, literatura e filosofia, esteve em estreito contato com os discípulos dos apóstolos, como são Policarpo.
Como bispo de Lyon na Gália, atual França, destacou-se por combater heresias com argumentos que apresentou em cinco livros nos quais refutava as diferentes seitas, colocando-as diante da doutrina correta emanada dos ensinamentos dos Apóstolos e das Sagradas Escrituras.
Ele conseguiu refutar o gnosticismo, uma corrente herética que representava a principal ameaça à fé e à Igreja da época, que considerava que a salvação pode ser alcançada pelo conhecimento.
A Enciclopédia Católica explica que “Irineu escreveu em grego muitas obras que lhe garantiram um lugar excepcional na literatura cristã, porque apresentam, sobre assuntos religiosos controversos de vital importância, o testemunho de um contemporâneo da era heroica da Igreja, que escutou são Policarpo, o discípulo de são João, e que de certa forma, pertenceu à era apostólica”.
“Nenhum desses escritos chegou até nós no texto original, embora muitos grandes fragmentos deles existam como citações em escritores posteriores”, acrescenta.
Segundo a tradição, santo Irineu foi martirizado, mas os detalhes de sua morte são desconhecidos. Os restos mortais de santo Irineu foram sepultados em uma cripta, sob o altar da então chamada Igreja de São João, mas que depois passou a se chamar Igreja de Santo Irineu. Este túmulo ou santuário foi destruído pelos calvinistas em 1562 e os últimos vestígios de suas relíquias desapareceram.
Fonte: ACI Digital