“Os mártires mostram-nos que cada cristão é chamado ao testemunho da vida, até quando não chega à efusão do sangue, fazendo de si mesmo um dom a Deus e aos irmãos, à imitação de Jesus”, disse o papa Francisco na Audiência Geral de hoje (19) aos fiéis reunidos na praça de São Pedro, no Vaticano.
O papa Francisco continuou com o seu ciclo de catequeses sobre a “paixão pela evangelização”. Hoje (19) ele falou sobre os mártires, aqueles que testemunham Jesus até derramar o próprio sangue.
Segundo o papa Francisco, “os mártires não devem ser vistos como ‘heróis’ que agiram individualmente, como flores brotadas num deserto, mas como frutos maduros e excelentes da vinha do Senhor, que é a Igreja“.
“Participando assiduamente na celebração da eucaristia, os cristãos eram levados pelo Espírito a colocar a própria vida na base desse mistério de amor: ou seja, na constatação de que o Senhor Jesus tinha dado a sua vida por eles e, por conseguinte, também eles podiam e deviam dar a vida por Ele e pelos irmãos”, disse o papa.
O papa disse que “os mártires amam Cristo na sua vida e imitam-no na sua morte”. “São mais numerosos no nosso tempo do que nos primeiros séculos”, continuou.
“À imitação de Jesus e com a sua graça, os mártires transformam a violência de quem rejeita o anúncio, em ocasião suprema de amor, que vai até ao perdão dos próprios algozes”.
O papa Francisco concentrou seu olhar no “testemunho cristão presente em todos os cantos do mundo”, por exemplo no Iêmen, “uma terra há muitos anos ferida por uma guerra terrível, esquecida, que causou tantos mortos e ainda hoje faz sofrer tantas pessoas, especialmente crianças”.
“Precisamente nessa terra houve testemunhos resplandecentes de fé, como o das irmãs Missionárias da Caridade, que ali deram a vida. Ainda hoje elas estão presentes no Iêmen, onde oferecem assistência a idosos enfermos e a pessoas portadoras de deficiência. Algumas delas sofreram o martírio, mas as demais continuam, arriscam a vida, mas vão em frente. Recebem todos, de qualquer religião, porque a caridade e a fraternidade não têm fronteiras”.
Francisco recordou também que, em julho de 1998, três freiras foram mortas quando voltavam para casa depois da missa. O mesmo aconteceu em 2016, quando quatro freiras foram mortas junto com alguns leigos que as ajudavam em trabalhos de caridade.
O papa Francisco se referiu a todos eles como “os mártires do nosso tempo” e disse que entre esses leigos mortos, além dos cristãos, “havia muçulmanos fiéis que trabalhavam com as irmãs”.
“É comovente ver que o testemunho do sangue pode aproximar pessoas de diferentes religiões. Nunca se deve matar em nome de Deus, pois para Ele somos todos irmãos e irmãs. Mas juntos podemos dar a vida pelos outros”, acrescentou.
Por fim, rezou “para não nos cansarmos de dar testemunho do Evangelho até em tempos de tribulação”.
Fonte: ACI Digital