O povo oprimido que busca a libertação se reúne para celebrar a fé. Não a fé teórica e abstrata, mas a que vem da consciência de Deus que liberta e promove a vida para todos. Hoje o “cesto” que a comunidade põe diante do altar de Deus está cheio de primeiros frutos de libertação. Por isso nossa fé merece ser celebrada.
Quando os israelitas chegaram à terra prometida – depois de seu longo peregrinar pelo deserto – receberam do Senhor a ordem de guardarem memória de seu passado. É o que nos recorda a primeira leitura do primeiro domingo da Quaresma. Os israelitas jamais deveriam se esquecer de que tinham sido escravos no Egito, de que o Senhor os havia libertado de lá com “mão forte e braço estendido” e os tinha conduzido a uma terra que manava “leite e mel”. Guardar essa memória não era um exercício inútil, pois lhes fazia saber quem eles eram.
Durante os conflitos e momentos difíceis pelos quais os israelitas deveriam passar, sempre teriam a certeza de que Deus continuaria ao lado deles, como tinha estado quando os havia retirado da escravidão do Egito.
O tema central da liturgia da palavra deste domingo gira em torno da libertação e pode ser sintetizado na seguinte expressão: A libertação é dom de Deus e conquista das pessoas. O projeto de Deus é libertar todos os oprimidos. Esta é também a fé que professamos.
Às vezes somos oprimidos e nos deixamos vencer pela opressão. Sim, somos frágeis, mas também somos fortes pela força de Deus, que nunca nos abandona.
É por isto que não podemos nos esquecer de tudo o que fomos no passado para que tenhamos a certeza de que tudo podemos naquele que nos fortalece.
Como os israelitas, que foram o primeiro povo de Deus, nós, cristãos, somos o povo de Deus em luta contra as nossas fraquezas e animados pela força do Pai.