Sabemos que o mês de outubro é dedicado às missões, como também é o mês em que celebramos a Padroeira do Brasil. No entanto, não podemos reduzir o termo “missão” somente às visitas domiciliares que fazemos nesse período. Para nós, a missão deve fazer parte da vida cotidiana, ou seja, a todo momento devemos anunciar o Senhor Ressuscitado para todos aqueles aos quais encontramos no caminho.
Uma frase que estamos ouvindo muito neste ano é “corações ardentes, pés a caminho”. Esse lema, que faz referência aos discípulos de Emaús, foi escolhido pelo Papa Francisco para o 3º Ano Vocacional, como também para ser refletido em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões. Em nosso país, a Campanha Missionária 2023 tem como tema: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo”.
Diante dessa temática tão sugestiva, podemos fazer nossa própria reflexão: o que é deixar arder o coração e pôr os pés a caminho? É deixar que Cristo seja nosso encanto e levá-lo a todos. Assim, lembremos da passagem de Lucas 24, 13-35, quando os discípulos estavam tristes e desiludidos por causa da morte de Jesus. Assim somos nós, quantas vezes estamos desiludidos, tristes e preocupados com nossa missão. Mas o Senhor sempre vem ao nosso encontro para nos fortalecer. Porém, devemos estar atentos a sua voz e aos seus ensinamentos para O reconhecer, como fizeram os discípulos quando Jesus partiu o pão para eles e seus olhos se abriram.
Da mesma forma que o Senhor Ressuscitado esteve ao lado daqueles dois discípulos, hoje se põe ao lado de cada um de seus missionários, dando-lhes forças e coragem na caminhada, fazendo com que seus corações estejam ardendo por amor à missão. Sua presença deixa seus corações arderem por amor à Palavra de Deus. Com isso, podemos nos perguntar: onde podemos evangelizar? Quem evangelizar? Como evangelizar? São questionamentos que, embora apareçam muitas vezes, não sabemos bem a resposta.
Muitas vezes, queremos conduzir a missão da Igreja segundo os nossos pensamentos e projetos, e queremos ser protagonistas da missão. Nós não conseguimos caminhar quando nos colocamos em primeiro plano. A missão é da Igreja! É dada por Cristo! Ele é que deve ser anunciado pelos seus missionários. Anunciado a todos, sem exclusão, pois não temos o direito de escolher quem deve ou não ouvir o anúncio do Evangelho.
Como afirmou o Santo Padre na exortação apostólica Evangelii Gaudium (EG): “todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível” (EG 14). A conversão missionária permanece o principal objetivo que nós devemos propor como indivíduos e como comunidade, porque “a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG 15).
Quando os discípulos sentem o coração arder e colocam os pés a caminho, eles partem para anunciar a Boa-Nova a todos. Eles entendem que, aquilo que eles vivenciaram com o Ressuscitado não poderia ficar guardado para eles. Saem anunciando o Cristo vivo, que dá a vida e oferece a salvação a “todos, todos, todos”, sem distinção.
Possamos nos motivar pelo testemunho daquela que foi uma autêntica missionária, Nossa Senhora, Mãe amorosa da Igreja. Ela, que ao receber a notícia de que seria Mãe do Salvador, pôs-se a caminho para os cuidados de sua prima Isabel (Cf. Lc 1,39-45). Que a seu exemplo, tenhamos essa mesma disponibilidade para estarmos prontos para cuidar dos que sofrem e são marginalizados, que precisam de um olhar mais próximo.
Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por cada um de nós, seus filhos. Assim seja, Amém!