Um novo tempo se abre diante dos nossos olhos. É tempo de entrar pela Porta aberta pelo Bom Mestre. Estamos vivendo o Ano da Fé, que iniciará em 11 de outubro de 2012, e terminará em 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo. “Será um momento de graça e de empenho para uma sempre mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé n’Ele e para anunciá-Lo com alegria ao homem do nosso tempo”, diz o Santo Padre, o Papa Bento XVI na Carta Apostólica Porta Fidei – A porta da Fé.
Irmãos, tenho aprendido que é sempre bom explorarmos o universo das palavras para bem compreendermos tudo o que elas carregam em seu interior. Ao me deparar com apalavra virtude, por exemplo, logo me encontro com a expressão latina “virtus“,que significa a força, a capacidade. Quando tomamos estes significados e os mergulhamos na virtude da fé, logo entendemos o porquê de uma Carta Apostólica tão bela para o nosso tempo!
A respeito da virtude teologal ou dom da fé, não são poucos os tratados teológicos e filosóficos que tentam explorar do seu universo. Mas um caminho tão cheio de beleza e sugerido pelo nosso Papa é aquela que o Apóstolo Paulo nos recorda em sua carta aos Hebreus: “A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, isto é, de está firme na esperança e conhecer realidades que não se vêem” (Hb 11, 1).Para os gregos ter fé é crer, confiar, portanto, construir uma relação confiante. Por outro lado, a palavra hebraica para “crer” significa “está firme” com segurança e solidez. Neste sentido, no Profeta Isaías lemos: “Senão crerdes, não vos firmareis, não permanecereis” (Is 7, 9). Aqui então encontramos um detalhe rico de que a Carta aos Hebreus retomou o conceito judaico de fé e combinou com a noção grega. E isto é interessante por que o homem virtuoso na fé, traz em si, portanto a força e capacidade de ver além. Está firme numa realidade que não vê, mas na qual crê. Ele olha a semente e encontra nela a condição de árvore que ela traz em si.
Uma noção semelhante de fé encontramos no Evangelho de João. Para ele ter fé é a maneira bem determinada de ver a realidade. Quem crê, vê atrás do véu, para além das coisas. Seu olhar penetra além das aparências. Levanta o véu que cobre tudo. A fé o remete para outra realidade, à riqueza interna da alma, que na sua essência alcança o que está em Deus. Por isso que toda a nossa vida, precisa passar pela porta da fé, pois é ela que nos permite tocar o céu. E como bem disse o Santo Padre: “a PORTA DA FÉ, que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma”. Entremos irmãos por essa porta de salvação, pois o Cristo que nos chama e espera nos diz tão somente: “Conheço as tuas obras: eu pus diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar; porque, apesar de tua fraqueza, guardaste a minha palavra e não renegaste o meu nome” (Ap 3,8).
Seu irmão, Jerônimo Lauricio – Bacharel em Filosofia.
Desde 1941