Uma comunidade de profetas

De início, parece que todos os profetas prevê em desgraças. Anunciam-nos um futuro incerto e, entre as sombras que vislumbram, falam-nos de ameaças, cataclismos, guerras, epidemias e um sem números de desgraças. Sempre coisas ruins, negativas. Suas palavras se transformam em maus prenúncios que chegam ao nosso interior e desfazem a pouca harmonia e paz que talvez tenhamos conseguido estabelecer em nossa vida.

Jesus, está claro, é um profeta. Mas não é desses a que estamos acostumados. É muito diferente. Não faz barulho. Não entra em nossa vida com grandes alardes e ostentações. Apenas algumas palavras simples.

No evangelho do quarto domingo do Tempo Comum, continuação do que ouvimos no domingo passado, Jesus pronuncia uma das homilias mais breves da história. Ele não faz mais do que recorrer ao que havia lido num texto do profeta Isaías e dizer que tudo isso já se havia cumprido. Trata-se de um texto que fala de liberdade para os oprimidos, de consolação para os aflitos, de saúde para os enfermos, de libertação para todos. Era o anúncio da Boa-Nova de Deus para todos os homens e mulheres.

Na segunda leitura, São Paulo explica, também, o núcleo da mensagem de Jesus. É um texto já conhecido, mas que vale a pena ler e reler muitas vezes e carregá-lo conosco na carteira ou na bolsa, na mente e no coração. Diz que a melhor forma de ser cristão é amar. Esse é o melhor carisma. Explica o que é amar: é um amar igual ao de Jesus, que dá a vida por todos, sem medida, sem condições. É o próprio amor de Deus, pois o cristão é chamado a viver o amor de Deus. Paulo explica o que é e o que não é o amor. Recorda-nos que, sem esse amor, nada tem sentido. Podemos trabalhar muito, dar dinheiro aos pobres, rezar horas e horas, ajudar na paróquia, participar das Santas Missões Populares etc., mas, se tudo isso for feito sem amor, não vala nada.

Este é o centro da mensagem de Jesus. Como se vê, não contém ameaças, mas um convite para se viver no amor. Não fala de um futuro tenebroso, mas de um presente cheio de luz e de sentido. No amor, descobrimos a presença de Deus junto a nós. No amor, torna-se transparente que os que estão ao nosso redor são nossos irmãos e irmãs, ainda que, às vezes, nos pareça que agem como se não o fossem.

No amor, a vida torna-se mais valiosa e somos mais felizes.

O curioso é que a reação ante a mensagem de Jesus tenha sido a de completa oposição. Se os tivesse ameaçado com o dilúvio final, provavelmente o teriam escutado mais. Mas a mensagem de Jesus incomodava seus ouvintes, pois os convidava insistentemente a mudar de vida.

Nós somos hoje os ouvintes da mensagem de Jesus e porta-vozes para o mundo. Com nossa vida, demonstraremos que viver o amor abre um futuro melhor para cada um de nós e para toda a humanidade.

Por: Padre Wagner Augusto Portugal

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