Civilização do amor: Necessidade urgente – Parte 1

Em tempos de crise, exige-se um plano de gerenciamento capaz de solucionar o problema. O mundo está em crise generalizada. É hora, portanto, de uma CONVOCAÇÃO GERAL PARA O GRANDE MUTIRÃO DE CONSTRUÇÃO DA CIVILIZAÇÃO DO AMOR. Não podemos mais esperar. A hora é agora e todos podem colaborar. Ninguém pode ficar de fora, de braços cruzados. Nesta empreitada não há coadjuvantes, todos são protagonistas.

A civilização do amor é muito mais do que uma simples opção, é um imperativo do Evangelho: “Isto vos mando: amai-vos uns aos outros” (cf. Jo 15,17). Logo, a coerência cristã requer uma resposta urgente diante do “círculo infernal de violência” que se estabeleceu no mundo e devasta milhares de vidas humanas todos os dias.

Nossa reação, no entanto, não pode ser pautada por guerras, intolerâncias, radicalismos, revoluções armadas ou qualquer outro tipo de violência. A civilização do amor se constrói amando. “Não na revolução, mas em uma evolução harmoniosa é que estão a salvação e a justiça. A violência jamais fez outra coisa que destruir, e não edificar; acender as paixões, e não acalmá-las; acumular ódios e ruínas, e não levar os oponentes a se confraternizarem” (Pio XII).

Neste grande mutirão tem lugar e trabalho para todos, em especial para os jovens, a quem o saudoso Papa João Paulo II chamava de “sentinelas da manhã”. O Documento de Aparecida convoca a juventude ao compromisso com a renovação do mundo à luz do Plano de Deus e afirma: “os jovens têm capacidade para se opor às falsas ilusões de felicidade e aos paraísos enganosos das drogas, do prazer, do álcool e de todas as formas de violência” (DA 443).

De fato, vivemos numa sociedade onde prevalecem o relativismo e o hedonismo, e quem não se enquadra nos padrões estabelecidos por esta cultura do descartável é simplesmente excluído. Isso faz com que muitos jovens cedam aos apelos dos meios de comunicação e da “sociedade pansexual” e enveredem por caminhos muitas vezes sem volta. A falta de uma base familiar sólida é outro agravante e que também carece de respostas imediatas. O problema geralmente começa em casa, ganha novas dimensões e nuances na rua e volta para dentro de casa ainda mais forte.

Diante deste quadro que se apresenta em preto e branco, a Igreja não pode ficar omissa. É sabido que são muitas as iniciativas de inclusão dos jovens na vida eclesial. Contudo, não é o suficiente, porque estamos perdendo os nossos jovens para o mundo do crime. Todos os dias os jornais estampam em suas páginas policiais casos envolvendo jovens, uns como vítimas e outros como vilões. Destarte, precisamos transpor da teoria à prática e ultrapassar as margens do papel no que se refere à inserção e ação do jovem na Igreja. Por isso, convém lembrar o que disse o Papa Bento XVI aos jovens no estádio Pacaembu (SP), quando de sua visita ao Brasil: “jovens, vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade […] sem o rosto jovem, a Igreja se apresentaria desfigurada”.

Então, não há mais o que esperar, esta é a hora da juventude “despertar, acordar para a realidade e construir a civilização do amor”. Vamos inaugurar um novo tempo. Para tanto, os grupos de jovens precisam acordar do sono profundo que se abateu sobre eles. Não se pode mais admitir grupos fechados, limitados as quatro paredes da igreja com medo como os discípulos em Jerusalém antes de Pentecostes. É preciso se livrar de uma vez por todas da “síndrome da bela adormecida”. Onde estão os jovens que fizeram a experiência do Encontro de Jovens com Cristo? Quem já teve, de fato, um encontro com o Senhor não pode ficar indiferente a tudo isso.

A tarefa, bem sabemos, não é fácil: “requer têmperas fortes e perseverantes, dispostas ao sacrifício e empenhadas em abrir novos caminhos de convivência humana, superando divisões e materialismos opostos” (João Paulo II). Porém, precisamos nos revestir dos mesmos sentimentos de Cristo (cf. Fil 2,5) para podermos ir, com urgência e despidos de preconceitos, ao encontro de tantos jovens que estão no mundo do crime, das drogas, da prostituição, dos vícios, longe do convívio familiar perambulando pelas ruas de nossa cidade, jogados nas sarjetas, enfim, sem vida. 

Tenhamos a mesma audácia profética do Apóstolo dos Gentios, o qual se fez “fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Tornou-se tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo” (cf. 1Cor 9,22). Chega de ficarmos arranjando desculpas esfarrapadas que só alimentam ainda mais o nosso comodismo e o nosso medo, a nossa “preguiça missionária” e a nossa incoerência religiosa. Afinal, “Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria” (2Tim 1,7).

A palavra de ordem, portanto, é a mesma que encontramos no evangelho de Mateus: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos…” (cf. Mt 28, 19). Deste modo, não podemos sair de casa com hora marcada para voltar, ou seja, é preciso disponibilidade para ir ao encontro do outro com tempo para ouvi-lo, conhecê-lo e amá-lo. Não sejamos escravos do relógio ou da agenda. O outro deve ser sempre mais importante!

O desafio está lançado. Agora é mãos à obra, porque esta construção não pode mais esperar. O mutirão vai começar e a CIVILIZAÇÃO DO AMOR depende de cada um de nós.

Por: Jairo Coelho
Seminarista Diocesano

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